Cabe dizer que assuntos atentos às questões de patrimônio, lendas e tradições religiosas, literatura e estudos sobre eventos pretéritos que se relacionavam com definições do caráter nacional, como a União Ibérica e a restauração de 1640, passariam a conquistar os olhares dos envolvidos na elaboração do semanário. Inclusive o escrúpulo com a busca da verdade “ignorada, sumida ou desfigurada” no interior dos arquivos passaria a ser objeto central dos colaboradores (AP, 1861, p. 2).
É importante salientar que historiadores de destaque, tais como Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco, publicaram artigos na revista, assim como sua redação foi dirigida por homens que se dedicaram, da mesma forma, ao saber histórico, como Inácio de Vilhena Barbosa, António da Silva Túlio e Luís Augusto Rebello da Silva. Muitos eram sócios da Academia Real das Ciências de Lisboa. Ademais, mesmo entre aqueles que eram reconhecidos por seu trabalho jornalístico ou dramatúrgico, como no caso de António Pedro Lopes de Mendonça, a produção de textos de caráter histórico era algo comum. Já nos primeiros anos houve colaborações do escritor, tais quais os artigos “Curiosidades históricas: acerca dos preços em Portugal nos séculos XV e XVI” (AP, 1857, p. 342) e “Filipe II e a nobreza portuguesa durante as suas pretensões ao trono de Portugal (apontamento de um livro inédito)” (AP, 1858, pp. 50-67-98), algo semelhante aos casos de José de Torres, com seu texto sobre o reinado de Pedro II, no final do século XVII (AP, 1858, p. 319) e, posteriormente, de José Maria Latino Coelho, com o artigo “Ciência na Idade Média e as enciclopédias desse tempo” (AP, 1864, p. 143). São alguns exemplos entre grande variedade de casos registrados no acervo do periódico.
Entrementes, as remissões à Sociedade Madrépora passaram a ser frequentes nos sucessivos números do AP. Fundada à época por portugueses residentes no Rio de Janeiro, esta associação tornou-se a principal fonte de recursos e de apoio à distribuição aos sócios do semanário. Fenômeno similar ao ocorrido com O Panorama, que cresceu em grande medida durante os anos em que contou com o amparo da Sociedade Propagadora de Conhecimentos Úteis (patrocinadora do jornal até 1844), o apogeu do AP passou-se nos anos em que a Sociedade Madrépora assumiu a responsabilidade pela compra de grande parte da tiragem e de sua distribuição por instituições de ensino pelo país, províncias ultramarinas e Brasil.