Nos labirintos da imprensa periódica portuguesa, a Revista Militar detém uma posição incontornável, sobretudo se atendermos à imprensa periódica especializada, nomeadamente de índole militar. Trata-se de um órgão periódico versado em todas as ciências militares, mas que nunca descurou a análise minuciosa sobre a actualidade ao longo dos anos. Tendo sido sempre publicado em Lisboa, é considerado como o mais antigo órgão de imprensa militar do mundo em funções ininterruptas até ao presente.
Em jeito de intróito a estes assuntos, não se poderão considerar as Ordens do Dia ou a Colecção das Ordens do Dia (1809-1835), mandadas compilar primeiramente pelo marechal inglês William Beresford (1768-1854), como um órgão periódico, num sentido exacto. Reunindo numerosos compiladores, como o próprio título sugere, tratavam-se de informações de cariz militar dedicadas aos mais ínfimos pormenores da vida castrense publicados diariamente, um hábito ainda em exercício nas unidades militares portuguesas. Posteriormente, estas edições foram continuadas pela Ordem do Exército, mas surgiriam outros títulos distintos, entre os quais, o Almanaque Militar: Parte I (Lisboa, 1809), a Lista dos Oficiais do Exército (Lisboa, 1811-1812), a Lista dos Oficiais das Milícias (Lisboa, 1811-1812), o Almanaque das Ordenanças (Lisboa, 1815), o Almanaque Militar ou Livro dos Quartéis (Lisboa, 1817-1822), o Almanaque Militar ou Lista Geral dos Oficiais do Exército de Portugal (Lisboa, 1817-1822), etc. Num formato já estritamente jornalístico, deverá evocar-se o pioneirismo de A Guarda Nacional de Lisboa (1837), o Jornal Militar (Lisboa, Janeiro-Fevereiro 1841), o Jornal dos Facultativos Militares (Lisboa, Janeiro 1843-Dezembro 1844) e um ‘outro’ Jornal Militar (Lisboa, Novembro 1845-Setembro 1846), entre outros periódicos com durabilidade efémera.
O primeiro número da Revista Militar foi publicado em Janeiro de 1849, o que permitiu, desde essa data, agrupar um património imprescindível para o estudo da história militar nacional e internacional do último século e meio, sendo que, ao momento, saiu à estampa o n.º 2566 (Novembro de 2015), correspondente à 2.ª época (desde 1905).