A Revista Militar conserva-se uma milestone da informação periódica militar e, por intercessão dos historiadores, cronistas, jornalistas e intelectuais, militares ou não, que escreveram sobre história em todas as vertentes, adiante as temáticas militares, assume-se como um espelho da própria sociedade portuguesa: “Um grande marco de referência que distingue a Revista Militar foi aquela plêiade de intelectuais que produziu com seriedade os artigos e memórias que formam as páginas do periódico, discursos que correspondem às diversas construções técnicas, científicas, literárias e históricas.
Se bem que nem sempre convergentes, eles representam uma unidade que se sobrepôs à heterogeneidade dos diversos discursos. O desenvolvimento e progresso da Instituição Militar e do País constituíam a grande preocupação do periódico e que a todos unia nesse grande desígnio” (José Luís Assis, Ciência & Técnica na Revista Militar 1849-1910, p. 223).
A escrita historiográfica militar manifestada nestes periódicos, ainda que discorramos unicamente sobre a Revista Militar, reveste-se de um benefício científico, atendendo à instituição à qual está umbilicalmente vinculada, mas também ao retorno para a sociedade civil. Não isenta de polémicas, tradições e opiniões arrebatadas, não raras vezes eivadas de um tradicionalismo historicista, mas – até porque a história é opinião e a expressão de sentimentos –, enaltecem-se identidades, valores e exemplos a seguir. Tal como antigos pensadores defendiam ser a história a ‘mestra da vida’, a instituição militar “sente e vive” a história como mais nenhuma agremiação o faz. E essa faceta, porventura sentimental e reguladora de comportamentos e códigos de conduta, encerra marcos cruciais da nossa própria identidade cultural como nação, onde os conceitos de «Defesa» e «Guerra» são concepções em metamorfose, adaptando-se e sedimentando-se na evolução social.