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ADAMSON, John Gateshead, 1787 - Newcastle-upon-Tyne, 1855 |
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Porém, o nosso autor foi mais longe do que os seus antecessores, ao pretender, pela primeira vez e de forma sistemática e generalizada, reconstruir a biografia do autor, através de uma leitura comentada da sua obra lírica. O retrato de Camões que Adamson irá divulgar resulta em simultâneo da concepção então vigente do poeta no Romantismo e de uma visão mítica do vate lusitano - o génio proscrito e desgraçado, vítima da incompreensão dos homens e da hostilidade da natureza, mas igualmente encarado como um símbolo do período áureo da história e cultura portuguesas. A dimensão e o valor deste verdadeiro marco na cronologia dos Estudos Camonianos levaria a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo sócio honorário, em sessão ordinária de 28 de Abril de 1820. A segunda obra a que aludimos, intitulada Lusitania Illustrata, fazia, por seu turno, parte de um ambicioso projecto de estudos portugueses que se teria convertido num dos mais destacados trabalhos neste domínio caso tivesse sido concluído. Trata-se de uma colecção de obras sobre Portugal, da qual saíram apenas dois volumes, mas cujo plano inicial incluía outros tomos dedicados à Literatura, à História e a outras áreas do saber, como a Arqueologia e as “Antiquities”. O primeiro volume, editado em 1842 e dedicado ao Duque de Palmela, consiste numa compilação de sonetos portugueses em apresentação bilingue, que inclui composições dos mais representativos cultores deste género, desde o Renascimento ao Pré-Romantismo. Trata-se da primeira antologia de poetas líricos portugueses publicada na Europa, facto que atesta o seu carácter inovador, incluindo biografias de quase todos os autores seleccionados, que Adamson extraiu do acervo da sua famosa biblioteca (de que nos resta o catálogo, intitulado Bibliotheca Lusitana (1836), à época uma das maiores colecções privadas de obras portuguesas da Grã-Bretanha, na qual se destacava a secção camoniana, única porção do vasto espólio que sobreviveu até aos nossos dias, após o incêndio que a destruiu em 1849. Já o segundo tomo de Lusitania Illustrata (1846) viria a divulgar, pela primeira vez, ao público britânico, traduções de quatro composições integradas no Romanceiro de Almeida Garrett (vol. I, Lisboa, 1843). |
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