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ADAMSON, John Gateshead, 1787 - Newcastle-upon-Tyne, 1855 |
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A segunda série de textos de cariz historiográfico publicada em The Monthly Mirror, intitulada “Memoranda Lusitanica”, assume características bastante diversas da anterior, por se tratar de um trabalho original de Adamson e revelar nitidamente as marcas da sua autoria, pelo carácter exaustivo e rigoroso e a preocupação demonstrada em fundamentar a sua leitura dos factos num número bastante diversificado de fontes. O teor filosófico e por vezes especulativo evidenciado pela série “History of Portugal” é aqui substituído por um estilo austero, quase académico. Em “Memoranda Lusitanica” o lusófilo relata a história da Casa de Bragança, desde as suas origens até à ascensão de D. João IV ao trono de Portugal e à Guerra da Restauração. O interesse deste conjunto de textos de divulgação, através dos quais pretendeu homenagear a família real portuguesa, então exilada no Brasil, reside sobretudo no rigor e precisão dos factos relatados, devidamente confirmados pelo recurso a um número diversificado de fontes bibliográficas que figuravam na sua biblioteca. Igualmente curioso é o facto de o autor efectuar alguns excursos ao longo desta narrativa histórica, aludindo a personalidades destacadas no seio da Casa de Bragança, pela sua importância no âmbito das relações luso-britânicas (e.g. D. Beatriz, irmã de D. Afonso, 1º duque de Bragança), ou ainda a figuras míticas portuguesas como Inês de Castro e D. Sebastião. A leitura das suas obras maiores e uma abordagem sucinta de séries de artigos surgidos em publicações periódicas revelam uma faceta quase desconhecida da obra de Adamson, mais precisamente a sua visão da História de Portugal, em larga medida convergente com a apreciação que efectua da evolução das letras e da cultura portuguesas. Os dados apresentados permitem-nos afirmar que a sua obra constituiu um dos mais vastos e ambiciosos projectos de estudos portugueses delineados por um lusófilo da Era Romântica. A completa materialização do projecto original de Lusitania Illustrata tê-lo-ia convertido globalmente numa obra de contornos largamente inovadores, cuja leitura se tornaria essencial para o conhecimento da Literatura e História portuguesas. Nessas circunstâncias Adamson teria certamente ido de encontro às expectativas de um público que, embora pouco numeroso e bastante especializado, acompanhava atentamente o seu percurso literário e apreciava a qualidade e o rigor dos seus trabalhos na Grã-Bretanha e em Portugal, bem como noutras nações europeias, sendo a tal propósito digno de menção o elevado número de sociedades de que foi membro efectivo, correspondente ou honorário: Society of Antiquaries of London; Royal Society of Literature; Real Academia das Ciências de Lisboa; Academia Española de Arqueologia, etc. Impedido de concretizar o seu grandioso projecto por dificuldades de vária ordem: uma saúde débil, a impossibilidade de reconstituir a sua biblioteca, a incapacidade do seu filho Edward-Hussey Adamson em prosseguir a sua obra lusófila, aliadas à saudade de Portugal, que elegeu como segunda pátria e ao qual nunca regressaria, conduzem-no a uma morte prematura em 1855. |
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