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ADAMSON, John Gateshead, 1787 - Newcastle-upon-Tyne, 1855 |
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Tomados no seu conjunto, os textos ‘traduzidos’ por Adamson projectam uma imagem romântica da Época Medieval, período fundador em que haviam sido lançados os alicerces das modernas nações europeias. Os monarcas da primeira dinastia portuguesa são inevitavelmente elevados à categoria de heróis virtuosos que souberam conduzir os destinos do país com sabedoria e honradez, afirmando-se que a posição periférica de Portugal e o seu relativo isolamento lhe permitiram escapar às convulsões sofridas pelas restantes nações europeias e lhe conferiram um carácter singular do ponto de político, cultural e civilizacional, transformando o país num caso excepcional no Velho Continente. As qualidades morais e de liderança dos reis portugueses da dinastia de Borgonha prepararam o terreno para que a nação portuguesa alcançasse o auge do seu desenvolvimento e expansão com os monarcas da Dinastia de Avis, cuja inteligência e visão estratégica permitiram que Portugal edificasse o seu império no Oriente, sendo neste preciso contexto esporadicamente referidas personagens históricas emblemáticas, como Vasco da Gama ou os vice-reis da Índia. Já o período subsequente é genericamente descrito como uma fase de inequívoco declínio, fruto da cupidez, corrupção e dissolução de costumes, bem como da ausência de líderes comparáveis em ousadia, valor e abnegação, aos monarcas medievais ou aos grandes navegadores da Era das Descobertas. Esta visão da História de Portugal, na qual são identificadas três fases sucessivas – a Idade Média (período de formação da identidade nacional); o Renascimento e as Descobertas (concebido como autêntica Idade de Ouro) e a fase posterior ao reinado de D. Manuel I (encarada como fase de evidente declínio) -, certamente terá merecido a anuência de Adamson, que adopta uma perspectiva em tudo semelhante na sua análise da evolução das letras portuguesas, no primeiro volume de Lusitania Illustrata (1842). Igualmente curiosa é a concepção da História revelada pelo lusófilo, que em muito se assemelha àquela que Thomas Carlyle (historiador e filósofo escocês vitoriano, fortemente marcado pelo pensamento romântico alemão e por autores ingleses como Samuel T. Coleridge), virá a defender no ensaio On Heroes...(1841), algumas décadas mais tarde, e segundo a qual os grandes homens, as figuras heróicas e divinamente inspiradas constituíam o motor de todas as transformações operadas em qualquer sociedade. Tal como Adamson, Carlyle acreditava que a História estava longe de constituir um processo evolutivo linear e contínuo, nela podendo ser identificadas fases alternadas de confiança e expansão e de pessimismo e destruiçao. Os artigos sobre História de Portugal publicados pelo lusófilo na primeira década de Oitocentos revelam já uma enfática defesa do conceito de heroísmo e uma predilecção por figuras providenciais e iluminadas, dotadas de carisma, autoridade e força sobre-humana, capazes de congregar em seu torno os esforços de todo um povo, tendo em vista a concretização de objectivos grandiosos: a glorificação de uma nação, o estabelecimento de um regime estável e a materialização de um sonho imperial. |
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