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ARNAUT, Salvador Dias | |||||||||||||
Com efeito, o medico-historiador foi exímio na heurística e na hermenêutica das fontes que constituíram o suporte seguro para a narrativa dos factos e das acções individuais de personagens de “carne e osso”. Esboçou com mestria o “retrato” de grandes figuras históricas: D. Fernando, o mestre de Avis, o Infante D. Pedro, senhor de Penela e com sensibilidade os Amores de Pedro e Inês. Aportou um contributo notável, e incontornável para a historiografia portuguesa, no que concerne ao conhecimento dos aspectos políticos e institucionais da crise de 1383-1385. Trilhou campos historiográficos particularmente inovadores e ousados, atendendo às circunstâncias do tempo em que desenvolveu uma parte da sua vida académica nos territórios da História Local e Regional, em particular da História do concelho de Penela, bem como no da História da Alimentação, tema que inspirou estudos posteriores nomeadamente os realizados, em Coimbra, por Maria Helena da Cruz Coelho e Maria José Azevedo Santos. SDA legou-nos um espelho dos seus gostos: a sua biblioteca composta por 16 000 volumes representativos dos seus interesses pessoais, campos de investigação e de docência. É muito ampla a paleta das áreas temáticas representada nesta biblioteca: Arqueologia, Arquitetura, Arte, Agricultura, Biografia, Cartografia, Direito, Desporto, Economia, Etnografia, Filosofia, Geografia, História, História da Europa, Linguística, Literatura, Medicina, Psicologia e Religião. O seu núcleo diferenciador é, no entanto, constituído por monografias locais, estudos publicados nos séculos XIX e XX, que contém fragmentos da História de todos os municípios portugueses; livros que persistentemente procurou nas livrarias e nos catálogos de alfarrabistas. Viveu uma vida austera, circunstância que lhe permitiu juntar poupanças, que aplicou na aquisição e começo das obras de preservação do castelo de Germanelo, as quais têm sido continuadas pela câmara municipal de Penela. De todas as faces de SDA, aquela que deixou a memória mais enraizada foi a de Professor. Marcou várias gerações de estudantes portugueses e estrangeiros nas aulas e em conversas peripatéticas pelos corredores da FLUC. A este propósito, testemunha Jorge de Alarcão: “a história que o Doutor Arnaut nos ensinava era uma história diferente, que agradava”. |
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