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Foram precisos três concursos para que entrasse, finalmente, na carreira diplomática (11 de Outubro de 1941). Teixeira de Sampaio, que começara por o detestar, acabou por aceitá-lo. Brazão chegou mesmo a colaborar com ele na revisão das cartas do Pe António Vieira, provenientes do Arquivo Cadaval, tendo conseguido que a revista Ocidente as publicasse. Foi durante esses três anos de Ministério que conheceu pessoalmente Salazar. Tinha por ele uma profunda admiração embora, à medida que o tempo passava, tenha acabado por se afligir «de o ver continuar, depois do momento em que devia sair em glória» (Memorial, p. 309). Ainda a guerra não tinha acabado, foi como 2º Secretário para a Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, com ordens expressas do Secretário-geral para que não o deixassem mexer em velhos documentos. Era preciso que se preparasse para ser diplomata (Memorial, p. 217). Na Europa de 1945, quase tudo estava em ruínas. Em Itália pouco havia para comprar, a não ser livros, verdadeiras preciosidades bibliográficas, que enriqueceram a valiosa biblioteca que foi reunindo ao longo da vida. Seguiu-se Madrid e depois Hong-Kong. Aí se deparou com uma comunidade numerosa, cerca de 5.000 descendentes dos primeiros portugueses estabelecidos na China, que tinham atravessado os difíceis tempos da guerra sem qualquer apoio do governo português. A sua maior preocupação foi retomar as linhas perdidas da comunidade portuguesa, começando pelos factores aglutinadores do sentimento nacional - a língua e a cultura – ao mesmo tempo que aprofundava a colaboração com os ingleses e com os chineses. Nas vésperas da sua despedida, a imprensa local e o Governador de Hong-Kong teceram-lhe os mais rasgados elogios. Foi grande a sua desilusão, ao regressar a Lisboa depois de cinco anos de lutas e de um péssimo clima, não ter recebido nenhuma palavra de apreço pelo seu «portuguesismo que não esmorecera com a distância» (Memorial, p. 243).
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