A missão do historiador estava na recolha dos elementos que possibilitassem pensar «na acção dos nossos homens de comando nessas épocas» e tirar «de tudo uma lição». Era uma concepção pragmática muito criticada pelo movimento historiográfico dos Annales, que contrapunham a integração da história no conjunto das ciências sociais.

O desempenho das funções diplomáticas granjeou-lhe diversas condecorações em ordens honoríficas nacionais e estrangeiras. Os seus trabalhos historiográficos valeram-lhe a admissão como sócio correspondente na Academia Portuguesa da História (1938). Vinte anos depois, elevava-se a efectivo e, em 1975, foi eleito 2º vice-presidente, integrando a primeira direcção presidida por Joaquim Veríssimo Serrão. Foi, também, académico da Real Academia da História de Madrid, administrador do Instituto Português de Santo António, em Roma, e membro de muitas outras instituições e comissões. Nas suas memórias, foi muito crítico para as academias, lamentando que se tivessem transformado «em cenáculos onde se pratica em alta escala o elogio mútuo…para os seus componentes se debicarem cá fora» (Memorial, p. 335).

Quando regressou definitivamente a Portugal, da valiosíssima biblioteca que foi reunindo ao longo da vida, já pouco restava. Um grande roubo, em Roma, e as terríveis cheias de 1967, em Loures, tinham levado ou irremediavelmente danificado livros, móveis, quadros, preciosidades diversas, reunidas ao longo de toda uma vida. Contudo, o leilão daquilo que restou dá bem conta dos seus interesses culturais. Entre livros raros, verdadeiras preciosidades de bibliófilo, e publicações mais recentes, avultam os títulos de História Diplomática e os clássicos da diplomacia, biografias, crónicas e memórias, cartas e relatos de viagens, leituras direccionadas para uma actividade de investigação, sem grandes preocupações teóricas, antes procurando todas as informações possíveis sobre a diáspora portuguesa. Em todos os locais por onde passou no desempenho das suas funções diplomáticas, foi um incansável devorador de arquivos, colhendo tudo o que pudesse encontrar relativo à História de Portugal e procurando não perder oportunidades propícias ao enaltecimento da memória dos heróis pátrios. Um nacionalismo romântico, muito do agrado das autoridades do Estado Novo, que teve o mérito de chamar a atenção para a história da política externa e da diplomacia, assuntos até então bastante menos estudados do que as questões de história militar. Planeava escrever uma grande História Diplomática de Portugal, mas com o desaparecimento de uma parte importante dos seus livros, fichas e fotocópias de documentos, um trabalho de anos, faltou-lhe o ânimo. Mesmo assim, ainda reuniu os elementos que ao longo do tempo tinha parcelarmente divulgado, dando a lume uma obra intitulada A diplomacia portuguesa nos séculos XVII e XVIII (1979), como que uma nova edição de trabalhos dispersos e há muito esgotados, juntando-lhe informações entretanto colhidas ao longo das suas missões no estrangeiro. Deixou as suas memórias no Memorial de D. Quixote (1976), escrito com tranquilidade, elegância e muito sentido de humor. Morreu em Cascais, a 7 de Dezembro de 1987.

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