A viagem de Estado de Craveiro Lopes à Guiné e Cabo Verde, que acompanhou por inerência das suas responsabilidades protocolares, pareceu-lhe interminável, mas já da visita oficial do Presidente da República a Londres (25 a 28 de Outubro de 1955) guardou uma bela recordação. Foi também um momento oportuno para dar à estampa mais um trabalho, intitulado Uma velha Aliança, evocando a estrutura da amizade luso-britânica através dos textos oficiais que foram unindo os dois países, desde o tratado de comércio de 1353 até ao acordo relativo ao uso de facilidades nos Açores, de 17 de Agosto de 1943. Marcello Caetano, então Ministro da Presidência, desejou vê-lo Secretário Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo, cargo que desempenhou por um breve período (6 de Fevereiro de 1956 a 9 de Janeiro de 1958) e que não lhe agradou. Apesar de tentar arejar o Palácio Foz, libertando peças de teatro proibidas, a política activa não o seduzia. «Desejava intimamente sair daquele vespeiro para onde entrara inadvertidamente, sem máscara e sem luvas» (Memorial, p. 90).

Escapou-se logo que possível, nomeado Ministro de 1ª classe, com credenciais de embaixador, para ir ocupar em Roma o posto que a morte de António Ferro deixara vago. Esse salto na carreira não caiu bem entre os seus pares. Acabou por penar dez anos, antes de obter a sua promoção plena a Embaixador e sentiu como um castigo a nomeação para o Canadá (20 de Dezembro de 1962). Mas acabou por apreciar esse país onde o desconhecimento de Portugal era manifesto. Num momento internacionalmente muito difícil, com o início da guerra no Ultramar, concebeu um ambicioso plano de conferências nas Universidades de Toronto, Quebéc, Montreal, S. João da Terra Nova e Vancouver, para divulgação da obra da expansão portuguesa. Os seus esforços foram coroados com a inauguração de uma estátua de Gaspar Corte Real (1965) e a atribuição do grau de Doutor Honoris Causa em Direito. A sua tese sobre a prioridade portuguesa na descoberta da Terra Nova contrariava a versão oficial canadiana, que atribuía o feito ao veneziano Giovanni Caboto, ao serviço de Henrique VII de Inglaterra. Editada em francês pela Universidade de Montreal, com o título La découverte de Terre Neuve, mereceu referências críticas muito elogiosas do jornal Le Droit (Ottawa, 18 de Agosto de 1964), tendo as Universidades de S. João da Terra Nova e de Montreal iniciado, sem quaisquer encargos para Portugal, estudos de história marítima portuguesa. Com Os Descobrimentos portugueses nas Histórias do Canadá (1969) procurou mostrar os erros e os motivos prováveis das omissões ou deturpações dos historiadores canadianos (9 de língua francesa e 14 de expressão inglesa). Estranhamente, a obra não despertou interesse no seu país. Seguiu-se Bruxelas e o Grão-Ducado do Luxemburgo, nomeado a 25 de Janeiro de 1967. Na Bélgica, forçada à descolonização do Gongo, Portugal não era bem visto. Escreveu, então, uma obra de esclarecimento sobre a profunda ligação multissecular entre Portugal e a Flandres: Présence du Portugal en Belgique.

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