| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
«Nunca procurei honras para mim, apenas benefícios para Portugal», dizia Eduardo Brazão, para quem a diplomacia não era um «turismo de luxo», bem pelo contrário, entendia a actividade diplomática como «uma das mais importantes funções que entre nós se podem desempenhar, dada a necessidade cada vez maior, do entendimento e convívio com os outros». No seu pedido de passagem à disponibilidade, afirmava que sempre tinha procurado acompanhar a acção política por um «desenvolvido e sério esclarecimento histórico e cultural», com a clara noção de que não é possível entender-se o Portugal de hoje «sem aprofundar e divulgar o seu passado, a sua obra, as suas características imutáveis, produto de uma vida longa, bem definida». Para os pequenos países, a acção cultural das embaixadas seria o «único processo não só de os valorizar, quando eles têm um passado rico em experiências, mas, sobretudo, de os tornar compreensíveis nos dias conturbados que estamos a viver». A lista das suas obras testemunha a missão historiográfica que empreendeu como parte integrante das funções diplomáticas, com sentido de serviço e em coerência com as circunstâncias de uma carreira que o levou praticamente a todos os continentes. Em cada um deles encontrou a presença da diáspora portuguesa ligada ao destino nacional. Não podia apagar-se a memória de um passado comum para a continuação e fortalecimento desses laços no futuro. Foi esse o sentido que Eduardo Brazão deu aos seus numerosos trabalhos, procurando, com eles, superar a «desconsoladora amnésia sobre os reais valores que vão passando» («Prefácio», Estudos Históricos, 1984). Uma incasável recolha de fontes nos arquivos estrangeiros deu origem a numerosas publicações sobre a História Diplomática portuguesa, ao mesmo tempo que os seus relatórios - A França em Abril de 1944, A Internacionalização da Santa Sé ou Os portugueses em Hong Kong - revelavam uma arguta observação sobre a realidade contemporânea, que veio a trazer-lhe alguns dissabores, nomeadamente no caso da monografia Portugal e a Inglaterra na China (1947), apresentada para concurso de Conselheiros e Cônsules Gerais. O pedido para publicação foi recusado, não tanto pelas opiniões políticas sobre o reconhecimento do governo de Mao Tse Tung, mas sobretudo porque os censores do texto consideraram que ele tinha subjacente a ideia «de que não soubemos realizar em Macau a obra colonizadora que ali iniciámos» (AHMNE, Processo individual nº 94, Relatório, 1 de Julho de 1952). |
|||||||||||||