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Sintomaticamente, numerosos escritos alheios ou anónimos eram-lhe erradamente atribuídos, como se vê por miúdas rectificações de Rogério Fernandes à sua bibliografia (Esboço bibliográfico da obra de F. Adolfo Coelho, 1973, pp. 203-231), em sugestão de que Adolfo Coelho era tido como autor «por defeito» do que se escrevia sobre educação em Portugal. O carácter oficial de muita actividade sua, sinal de reconhecimento por parte do Estado, ajudou certamente a esses exageros de atribuição. Mas, por outro lado, esse carácter não nos prepara para encontrar, num criador e executor de políticas educacionais, o insistente elogio das formas de transmissão tradicional da cultura popular como complemento (ou sucedâneo?) da alfabetização em que os regimes modernos depositavam as esperanças de transformação e promoção da sociedade e do indivíduo (materializada em 1876 na Cartilha Maternal, de João de Deus, acolhida com uma polémica generalizada). «O povo analfabeto – diz Coelho em Cultura e Analfabetismo – tem as suas artes, indústrias, saber, a sua educação e até a sua pedagogia reduzida a preceitos.» (Cultura e Analfabetismo, 1916, p. 20). E, escolhendo o seu partido neste debate (bem estudado, entre outros, por Sérgio Campos Matos, 2002), acrescenta que «não é de modo nenhum estranha a ideia de pátria aos que ignoram as artes de ler e escrever e não podem conhecer pelos livros a história do país», ideia de que se acha eco, perto de nós, na imagem do povo português traçada pelo dialectólogo Lindley Cintra.
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