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Antes de mais, três ensaios dedicados aos crioulos, com um título comum - Os dialectos romanicos ou neo-latinos na Africa, Asia e America (1880, 1882 e 1886). Trata-se de obras verdadeiramente comparatistas, ricas em materiais dos crioulos de base portuguesa, mas também de base espanhola, francesa, e ainda sobre a língua franca. Apesar de provirem de recolhas alheias, como aliás os de outros grandes crioulistas do seu tempo, como Hugo Schuchardt, estes estudos constituem uma das glórias de Coelho. Questão central da crioulística é a origem das línguas crioulas, duas teorias se debatendo a esse respeito: uma, proposta por Lucien Adam (1883), explica o crioulo pelo substrato das línguas maternas, que permanece nos escravos adultos ao aprenderem a língua dos senhores; esses escravos conservam substancialmente a gramática da língua da sua nação, a que somam o léxico da língua europeia de contacto dominante, o que faria do crioulo uma língua híbrida. A outra teoria atribui o crioulo a crianças nascidas em cativeiro que, privadas da língua dos pais escravizados, criam uma nova língua a partir da faculdade inata da linguagem, que capta o léxico da língua dos senhores. Esta segunda teoria foi enunciada por Adolfo Coelho (e secundada por W. Meyer-Lübke, H. Schuchardt e a maior parte dos crioulistas modernos) nos seguintes princípios: 1. Os crioulos «representam o primeiro ou primeiros estádios na aquisição de uma língua estrangeira por um povo que fala ou falou outra»; 2. e «devem a origem à acção de leis psicológicas ou fisiológicas por toda a parte as mesmas e não à influência das línguas anteriores dos povos em que se acham esses dialectos.» (Os dialectos romanicos ou neo-latinos na Africa, Asia e America, 1880, pp. 102-5). Um crioulo, em virtude disto, é uma língua e não um dialecto ou variedade de outra língua; é autónomo quer em relação à língua nativa dos antepassados dos seus falantes, quer em relação à língua colonial dos proprietários desses antepassados; nas condições políticas e culturais adequadas, pode desenvolver-se e atingir o estádio de língua de cultura, dotada de literatura escrita e susceptível de ser ensinada escolarizadamente. |
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