O seu percurso escolar é exemplar: curso completo dos liceus; curso geral e diplomático como aluno ordinário do Curso Superior de Letras; curso de magistério secundário, que o preparava para professor dos liceus do grupo de Geografia, História e Filosofia; bacharelato em ciências históricas e aprovação por concurso público para o ensino da história na Faculdade de Letras de Lisboa.

Era então (1933) sócio efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa, tendo desempenhado as funções de vice-presidente de várias secções (Arte, Literatura, História e Geografia). É sucessivamente sócio correspondente (1921), efectivo (1925) e de mérito (1953) da Academia das Ciências de Lisboa; nela exerce as funções de inspector da biblioteca, criador do museu histórico e director da colecção documental Corpo Diplomático Português, começado a publicar em 1862 por Rebelo da Silva, numa segunda edição (a anterior ocorrera em 1846). Foi, por fim, sócio fundador da Academia das Ciências de Portugal e sócio correspondente estrangeiro da Sociedade de Geografia de Madrid e da Academia de História da mesma capital (1924-1925).

Em termos de carreira na administração pública, António Ferrão parece ter ingressado e rapidamente ascendido nela aquando da implantação da República, em 1910. Assim, foi chefe de repartição e chefe de serviço da direcção-geral da instrução secundária, superior e artística e do ministério da Instrução Pública; trabalhou nas reformas pedagógicas do governo provisório, contribuindo para que Portugal aderisse à convenção de Berna de defesa da propriedade literária, científica e artística (1911); e desempenhou os cargos de secretário geral e director da Liga Nacional de Instrução (a funcionar na Sociedade de Geografia). Os diferentes governos encarregaram-no de seleccionar materiais do arquivo histórico do ministério da Justiça para serem remetidos para a inspecção das bibliotecas e arquivos em 1920 e, três anos depois, de investigar e promover a catalogação do espólio desta última (já então inspecção das bibliotecas eruditas e arquivos). Em 1929 era feito sub-inspector da dita inspecção.

O mesmo sucedeu em termos intelectuais: em 1915 é encarregue de publicar um trabalho em seis volumes sobre a vida e obra governativa do marquês de Pombal, do qual apenas saíram imediatamente dois, por ausência de dotação orçamental; em 1914, 1919, 1926 e 1927 esteve no estrangeiro em comissões de serviço de estudo da organização dos serviços das belas-artes e dos arquivos e bibliotecas de diferentes países (Espanha, França, Bélgica, Suíça, Itália, Alemanha e Holanda).

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