Aproveitou para estudar, extractar e apontar cotas de obras que interessassem à cultura e história portuguesas, no seguimento de uma tradição, já proveniente do século XVIII, tanto em comissões de serviço de diplomatas, como de sócios da Academia das Ciências de Lisboa. Representou a Liga Nacional de Instrução em diversos eventos nacionais, de 1912 a 1922 e o país em encontros internacionais, especializados ou comemorativos de centenários em Espanha, Suíça, Alemanha, Bélgica e França, entre 1924 e 1927. Não é de surpreender que já na década de 1930 fosse, sucessivamente, nomeado subdirector, director efectivo, regente e professor de uma cadeira do Curso Superior de Bibliotecário-Arquivista.

Naturalmente, toda esta constante actividade administrativa, investigatória e pedagógico produziu frutos bibliográficos. Alinhado com as preocupações cívicas e científicas da I República, António Ferrão ocupa-se de Pombal (1915, 1917, 1923 e 1932), de Gomes Freire de Andrade (1917; 2ª ed. 1918; 1920, este relacionando-o com as virtudes da Raça Portuguesa); da reforma dos estudos menores ( 1915) e da Universidade de Coimbra (1926), bem como da censura literária setecentista (1927); de uma plêiade de pensadores e eruditos portugueses (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1923; António Cândido, 1924; Teófilo Braga, 1935); da Academia das Ciências e de heróis como Magalhães e Camões (1921 e 1930). Elabora estudos vários sobre arquivos, bibliotecas e preparação de pessoal especializado. Também a edição de relatos diplomáticos e a cultura popular o interessavam e sobre eles escrevia, numa lógica coerente de divulgador, pedagogo e homem preocupado com o progresso da educação das massas e da ciência nacional. Pouco se sabe sobre o seu percurso nas décadas de 1940 a 1960; apenas que em 1953 ascende, como se viu, a sócio de mérito da Academia das Ciências de Lisboa. É possível que este aparente declínio da sua actividade decorresse de fricções com o regime do Estado Novo.

No final de vida, em 1960, publicou uma separata intitulada O Prof. Joaquim de Carvalho e a sua Época, com um subtítulo elucidativo: desde as reformas de ensino universitário do governo provisório, em 1911. Nela reproduz os títulos de boa parte da bibliografia produzida desde 1933 em diante – sobre Gama Barros (1935) e vários estudos biográficos ou bibliográficos comparados, como Teófilo Braga e Joaquim de Araújo (1934), Ribeiro Sanches e Soares de Barros (1936), Camilo e Silva Pinto (1936), com diminuição de novos títulos na década de 40 e depois de 1951.

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