| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
Em O poder real em Portugal e as origens do absolutismo (1946) a personagem central é a monarquia entre os séculos XII e XV, considerada em suas transformações ao longo do período, em seus traços institucionais (defesa, justiça, administração, atuação política) e nas ideias políticas que a legitimavam. Ela aparece no centro de conflitos, cujo fio condutor é “uma tendência constante para a centralização pela contínua repressão das classes privilegiadas”. A monarquia assim aparece em sucessivos avatares centralizadores mesmo com a dinastia de Borgonha, acentuando-se com os Avis, “de origem democrática e burguesa”, conforme acentuava a historiografia portuguesa à época, até chegar ao absolutismo propriamente dito com D. João II, admirador e êmulo de seu contemporâneo Luís XI. Portugal na época da Restauração (1951) já possui o enfoque cultural que sempre interessou ao autor. Sua personagem central é o homem português do século XVII, escolha justificada por ser o antecessor do homem brasileiro que viria a se constituir nos séculos seguintes. A obra possui três partes, o século barroco, o homem da Restauração e a revolução de 1640 que à primeira vista poderiam evocar a tripartição braudeliana da então recém-publicada tese sobre O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II. Associação apenas formal, porque a matéria de que é feito o livro de Eduardo França aproxima-o mais da psicologia social de Lucien Febvre, com a caracterização do “homem barroco”, fortemente marcado pelo que o autor chama de “aristocratismo e mentalidade antiburguesa” do português seiscentista. A revolução de 1640 não se aproximaria assim da inglesa de 1688, limitando-se a ser uma “Fronda feliz”, com uma burguesia fraca e um povo exaurido. O tema da ausência de uma burguesia forte em Portugal encontra-se não apenas nesta tese, mas é recorrente em suas análises de Portugal e do Brasil, refletindo-se nas coordenadas dadas a seus orientandos por mais de quarenta anos. |
|||||||||||||