Uma análise das fontes para o estudo da história urbana é pretexto para destacar a importância da cidade para as diferentes civilizações, considerando a variação dos modelos de cidade, o “duelo homem x natureza” para explicá-la, o urbanismo espanhol e português na península e na América e, no caso brasileiro, a “ficção” do antagonismo rural x urbano. Numa época (década de 1970) em que fazia sucesso no Brasil a importação do conceito de plantation para explicar a grande propriedade rural, França opunha-lhe o de fazenda, baseando-se não apenas em uma visão da história e das fontes, mas em sua experiência pessoal de egresso de uma dessas comunidades.

As influências intelectuais sobre a produção histórica de Eduardo d’Oliveira França foram de dupla característica. Metodologicamente era o discípulo brasileiro das duas primeiras gerações dos Annales, a de Bloch-Febvre e a de Braudel, mais da primeira do que desta. A isso se acrescenta alguma influência weberiana, mais indireta que direta e de Simmel. As dúvidas em relação ao que considerava generalizações sociológicas, expressas no estudo sobre a função cultural da história, explicam certo distanciamento da sociologia e dos sociólogos, o que se evidencia no contato com as obras de Gilberto Freire e Oliveira Viana, de quem utiliza respectivamente a teoria da mestiçagem da cultura brasileira e o papel do “capitão-mor regente” nos municípios coloniais. Historiograficamente, seus pilares repousavam na tradição historiográfica portuguesa, pela própria temática de seus trabalhos principais e na historiografia francesa, não apenas a dos Annales, mas a dos representantes da geração anterior, cuja síntese expressava-se nas três grandes coleções universitárias, a L’Évolution de l’Humanité, a Peuples et Civilisations e a Clio.

A presença de França foi marcante em diferentes campos. Na Universidade, sem prejuízo de sua atuação administrativa, foi sobretudo um professor de concorridas aulas e um disputado orientador de teses, tarefa em que particularmente se comprazia. No âmbito da historiografia, contribuindo para trazer ao Brasil a visão problematizadora do grupo dos Annales, teve papel importante na afirmação da história como uma ciência do homem e na rejeição das visões deterministas e esquemáticas.

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