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Holanda, Sérgio Buarque de | |||||||||||||
SBH lastreou-se nas interpretações de António Sérgio relativas às condicionantes socioeconômicas que dificultaram o desenvolvimento das atividades manufatureiras e agrárias em Portugal. Em Raízes do Brasil cita diretamente seu ensaio publicado na edição carioca de 1920: “Ensaio de interpretação não romântica do texto de Azurara”, no qual António Sérgio questiona os exageros de Joaquim Pedro de Oliveira Martins a respeito da tomada de Ceuta. Ainda na mesma obra, refere-se ao prefácio que o autor fez ao livro de Gilberto Freyre (O mundo que o português criou, 1940). De modo que o historiador brasileiro esteve muito atento às principais vertentes do pensamento historiográfico português, com as quais dialogou e polemizou, conforme era do seu feitio. Entre os autores mais referenciados destacamos: Gama Barros, Alexandre Herculano, Oliveira Martins, João Lúcio de Azevedo; Damião Peres, Veiga Simões, Duarte Leite, António Baião, Jaime Cortesão, Virgínia Rau, Vitorino Magalhães Godinho, José António Saraiva, Joaquim Barradas de Carvalho, Alberto Iria, Luiz Ferrand de Almeida. Não por acaso, a obra completa desses historiadores pode ser localizada na coleção especial da Biblioteca de obras raras da Universidade Estadual de Campinas. A irreverência crítica de SBH também não poupou seus camaradas modernistas, fossem paulistas ou cariocas. Julgava artificiais as iniciativas do movimento de construir uma identidade verdadeiramente brasileira pela negação e/ou afastamento da experiência portuguesa (resistiu sobretudo ao projeto de adoção de uma nova gramática, proposta por Mário de Andrade). Escrevia: “Se a forma de nossa cultura ainda permanece largamente ibérica e lusitana, deve atribuir-se tal fato sobretudo às insuficiências do “americanismo”, que se resume até agora, em grande parte, numa sorte de exacerbamento de manifestações estranhas, de decisões impostas de fora, exteriores à terra. O americano ainda é interiormente inexistente” (Raízes do Brasil, 1982, p. 127). O golpe de estado de Getúlio Vargas em 1930, assim como a ascensão do nazismo marcaram a elaboração de Raízes do Brasil, obra publicada no ano anterior à decretação da ditadura varguista em novembro de 1937. Nela buscou explicar tanto a crise do sistema democrático liberal na Europa, quanto as dificuldades de libertar os países ibero-americanos do caudilhismo e do mandonismo local. Objeto de redivivas polêmicas, o próprio autor desautorizou e atenuou as afirmações que fez ao longo das numerosas reedições: “Escrevi aquele livro em parte na Alemanha, terra clássica do historismo e do antipositivismo: o positivismo tal como era compreendido no século passado” (“Centro de Estudos Históricos Afonso de Taunay”, in Sistema de Informação e Arquivo-Fundo SBH,17p.). |
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