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Holanda, Sérgio Buarque de | |||||||||||||
Com efeito, o estudo das publicações desta obra tem apontado alterações importantes realizadas pelo autor nas edições de 1948 e de 1956, nas quais a abordagem psicossocial do colonizador foi sendo melhor atenuada. Mas a obra tornou-se um fenômeno editorial, especialmente após a edição de 1969, que passou a contar com o prefácio de Antônio Candido de Mello e Souza “O significado de Raízes do Brasil” (Raízes do Brasil, 1982, pp. XI-XII). Essa nova edição, coincidia com o expurgo e o exílio dos seus amigos e colegas das universidades brasileiras após os decretos dos Atos Institucionais que marcaram o endurecimento da Ditadura Militar no Brasil.
A vocação deambulatória, o senso espacial, o apego ao concreto e o pragmatismo mercantil dos colonizadores são invocados em sua caracterização das heranças ibéricas. Contudo, o principal traço definidor da sociedade brasileira teria sido o escravismo, uma vez que a compulsoriedade da mão de obra e a violência das relações sociais fragilizavam as solidariedades entre indivíduos e grupos. O escravismo implicava também na desqualificação do trabalho manual, engendrando uma sociedade onde prevaleciam as regras da vida doméstica, sem permitir a constituição de uma esfera pública, acima dos interesses patriarcais e pessoais. É nesse âmbito que SBH sugere uma oposição entre a colonização anglo-saxônica e a ibérica. A prevalência de relações primárias/gregárias configuravam o que ele denominou de ethos da cordialidade, um comportamento que está nas antípodas do contrato social, liberal e burguês. As relações de intimidade e afeição entre os indivíduos em posições assimétricas alicerçam cadeias complexas de dependência, mas também de insubordinação. Depois de seu retorno da Alemanha em 1936, o historiador foi contratado como professor assistente dos professores Henri Hauser (na cátedra de História Moderna e Econômica) e Henri Tronchon (em Literatura Comparada) na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Distrito Federal. Após a partida dos mestres franceses, foi nomeado professor adjunto nas cadeiras de História da América e de Cultura Luso-Brasileira. Porém, a experiência duraria pouco, uma vez que as atividades na Universidade do Distrito Federal foram peremptoriamente encerradas pelo governo de Getúlio Vargas em 1939. Apesar do enrijecimento da ditadura, ainda no Rio de Janeiro, Sergio Buarque de Holanda passou a chefiar a seção de publicações do Instituto Nacional do Livro onde teve a oportunidade de conviver com Augusto Meyer, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira entre outros grandes expoentes dessa geração. |
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