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Filha de José Nunes Moita e de Justina da Nóbrega, foi a 6.ª descendente entre 12 irmãos nascidos da fecunda prole deste casal de colonizadores, que participaram, como segunda geração, na fundação da cidade de Sá da Bandeira, no planalto de Huíla. José Moita, natural da Sertã, era homem empreendedor, adquirindo, pouco depois de chegar, vasta extensão de terrenos a que chamou Quinta da Liberdade, que viria a ser a sua casa de família. Deu à filha o nome de Irisalva por ter nascido às cinco horas da manhã, que assim interpretou: Íris-Alva, Mensageira da Alva, Estrela da manhã. Era republicano, laico, ateu e anticlerical, e mais tarde anti-salazarista. A estas fortes convicções aliava uma cultura geral fora do comum, assimilada como autodidacta. A casa era uma verdadeira escola. Irisalva afirmará mais tarde que toda a família fora “muito marcada pelo pai (…) pessoa muito interessada, muito estudiosa, principalmente de política e das ideias”, que educou os filhos “de uma maneira diferente das outras crianças”, dando-lhes “muita autonomia, mais liberdade do que era habitual numa altura em que era tudo muito fechado” (Entrevista a Faces de Eva, 2006,nº. 16, p. 133). A infância e adolescência de Irisalva Moita desabrocharam e desenvolveram-se neste ambiente, onde havia também exigência, integridade e rigor, valores que assimilou e foram uma constante ao longo da sua vida, tanto nas múltiplas actividades em que se envolveu como na obra científica que produziu. Em todos os âmbitos do seu percurso deparamo-nos com uma mulher de carácter forte e de grande verticalidade, nunca cedendo a pressões nem se deixando abater pelos insucessos. Herdou também o pendor para uma postura política de esquerda, embora sem militância partidária activa. E o agnosticismo religioso que manteve ao longo da vida não foi obstáculo a uma boa relação com instituições católicas, tendo até deixado a casa de uns tios onde começou por se instalar, para se alojar por algum tempo num Lar de Raparigas da Sociedade das Filhas do Coração de Maria, ao Quelhas, pela maior próxima da Faculdade. Mais tarde confessou que “fora uma experiência nova de que tinha gostado muitíssimo, sendo das fases da vida que [recordava] com mais saudade” (Entrevista, p. 136). |
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