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MAGALHÃES, Joaquim Antero Romero Faro, 1942 – Coimbra, 2018 |
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Romero Magalhães era um notável historiador de frases curtas. Conhecia bem as regras da arte, mas desafiava-as de forma intuitiva procurando nas fontes uma lógica explicativa capaz de dar sentido à acção humana e algumas metáforas que prendiam o texto ao tempo e aos espaços em que decorria a acção dos personagens e instituições. Era um historiador culto, que temia os excessos de especialização, o confinamento metodológico e o império da teoria. Talvez por isso, nunca deixou de dedicar tempo à música, à literatura e, sobretudo, à leitura apaixonada de policiais. Além das evidências de talento historiográfico que ressaltam da sua obra, Romero Magalhães era um académico que acreditava no reformismo persistente, no uso da Razão e nas deliberações democráticas. Tinha uma personalidade emotiva, desassombrada e de humores variáveis, mas sempre comprometida com a causa pública e com uma visão integrada e culta da vida académica. Entre 1985 e 1989 foi Presidente do Conselho Directivo da FEUC, cargo que voltou a exercer entre 1991 e 1993. Foi ainda Presidente do Conselho Científico da mesma Faculdade entre 1989 e 1991. Romero Magalhães leccionou também em prestigiadas Universidades estrangeiras. Foi professor convidado da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris (1989 e 1999); da Universidade de São Paulo (1991 e 1997) e da Yale University (2003). A sua familiaridade com os temas do Brasil-colónia e a colaboração extensa que teve em obras dirigidas por historiadores de renome internacional beneficiaram claramente do papel e das redes que construiu na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, onde assumiu o cargo de Comissário Geral entre 1999 e 2002. Coube-lhe dirigir o programa das comemorações do Descobrimento do Brasil, tendo procurado o envolvimento conjunto dos dois países e de outros Estados, nomeadamente das ex-colónias portuguesas. A tarefa era difícil, mas os projetos de comemoração histórica que coordenou e implementou foram um êxito e tiveram o reconhecimento dos interlocutores nacionais e estrangeiros. Evidência que confirma as qualidades diplomáticas e a reputação académica que construíra, nomeadamente no meio universitário e intelectual brasileiro. A obra historiográfica e a notabilidade da acção pública de Romero Magalhães foi reconhecida por organismos públicos brasileiros e pelo Estado português, através de um conjunto significativo de distinções honoríficas. |
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