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Resultando principalmente da investigação que levou a cabo durante os anos que passou em Inglaterra, a sua obra historiográfica gira em torno do reinado de D. Pedro V. Foi em Coimbra, com Damião Peres, que se iniciou no estudo daquele que caracterizava como o primeiro homem moderno que em Portugal testemunhou em escritos do seu próprio punho o significado da sua época, do seu país e dos seus homens. Nos Arquivos ingleses encontrou inéditos, correspondências e diários. Saliente-se a importância da publicação da correspondência de D. Pedro V com o príncipe Alberto e com o conde do Lavradio. Em 1955, a Associação Comercial de Lisboa atribuiu o Prémio Silva Martha a Cartas de D. Pedro V ao Príncipe Alberto (1954). Sobre essas cartas notaria, num estilo muitas vezes humanizante, normalmente usado na biografia histórica, género muito cultivado na tradição britânica, que lhe davam a sensação de estar perante um D. Pedro carente, hesitante, desconfiado dos seus súbditos, que pedia conselhos como qualquer outro ser humano pediria a um seu familiar. O historiador enunciava aquelas que considerava serem as posições do monarca sobre o país, ao mesmo tempo que deixava subentendida a ideia de que, cem anos depois, pouco tinha mudado. Em contraste com o perfil algo heróico do jovem rei, enumerava alguns dos principais traços da decadência nacional: o regime liberal perdia-se em lutas desnecessárias; os sucessivos ministros da Fazenda Pública não conseguiam resolver o eterno problema do défice, e na maior parte das vezes, só o agravavam ao contraírem empréstimos no estrangeiro; a imprensa era controlada pelos mais ricos, que dela punham e dispunham; as eleições não correspondiam à vontade popular; os deputados eleitos eram comprados como produtos, por vezes a preços caros; faltava educação ao povo; faltava vontade de uma vulgarização de ideias que deviam estar na base de todo o liberalismo; livros, poucos os liam (D. Pedro V – um homem e um rei). D. Pedro, nascido a 16 de Setembro de 1837, filho primogénito de D. Maria II e do Príncipe D. Fernando Augusto de Saxe Coburgo (que, em 1853, devido à menoridade de seu filho, assumira uma regência que durou dois anos incompletos), era considerado por Ruben Andresen Leitão, mais do que um talento precoce, um jovem que, motivado por um forte desejo de saber, se privara voluntariamente da infância. Solitário e consciente do atraso do país, sentia a falta de homens que com ele colaborassem na obra da modernização nacional, pois tudo o que tentava fazer caía sistematicamente nas mãos “peganhentas” dos seus ministros (ibidem). Caracterizando, recorrentemente, os ministros do “solitário” e “consciente” D. Pedro com adjectivos tais como “peganhentos”, o autor construiu uma biografia assente em algum maniqueísmo: de um lado os bons (D. Pedro e o tio Alberto, o Conde de Lavradio ou Herculano, homens que o compreendiam), do outro, os maus (os deputados, os ministros, Loulé, Saldanha, e tudo o que impedia um jovem inteligente de puxar um país pobre para o progresso). |
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