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Contrariamente ao que sucede com a sua obra, a vida de Gastão de Mello de Mattos remete-nos para um quase absoluto silêncio, que só poderá ser preenchido com a associação de detalhes dispersos, nem sempre associados à persona académica que o colocou no caminho da História. António da Silva Rêgo considerou-o um dos membros «mais activos, embora menos conhecidos» da Academia Portuguesa da História (A. Rêgo, History in times of fascism…, 2015, p. 27) e, de facto, assim permaneceu. Filho de José Maria de Mello de Mattos e de Hostilina Gomes Teixeira de Mattos, nasceu em Aveiro no dia 11 de Dezembro de 1890 e viria a morrer em Lisboa aos 81 anos de idade. O seu pai, nascido no Porto, foi engenheiro do Ministério das Obras Públicas desde 1886, e passou pela banca, enquanto director do Montepio Geral. Tal como o filho, publicou vasta obra e foi ainda director da revista Construção Moderna. Fez a sua formação na Escola do Exército, passando posteriormente a oficial de artilharia, servindo na primeira Guerra Mundial, em 1917, na expedição a Moçambique (Processo Político do Capitão de Artilharia Gastão de Mattos, Arquivo Histórico Militar, Direcção de Justiça e Disciplina), prestação de serviço que lhe valeu a promoção ao posto de capitão (C. Ferreira, “Aveirenses Ilustres…”, 2020). Contudo, em 1919, seria demitido do exército, acusado de ser, como o próprio viria a assumir, «o monárquico conhecido que é» (B. Maia, As minhas entrevistas…, 1928). Aos 35 anos, quando interrogado sobre a sua profissão, na sequência dos acontecimentos daquela que ficaria conhecida para a história como a “Noite Sangrenta”, respondeu apenas ser «proprietário no Porto» (Idem, ibidem), sem adiantar mais detalhes. Pouco tempo depois, em 1932, Mello de Mattos surge, tal como o seu pai, associado à banca, enquanto comissário do governo no Banco Português e Brasileiro. Esta seria apenas uma das variadas funções que desde cedo o ligaram ao governo, tendo ainda ocupado os lugares de vogal da Comissão de Censura dos Espetáculos (C. Ferreira, “Aveirenses Ilustres…”, 2020) e membro do Centro de Acção Popular, um grupo formado, em 1948, no interior da União Nacional que uniu académicos, militares e políticos numa facção mais próxima de Marcello Caetano (“Centro de Acção Popular”, Politipedia). Alfredo Pimenta chegou a sugerir ainda o nome de Mello de Mattos para director do Arquivo Histórico Militar, o que nunca chegaria a acontecer por não cumprir os requisitos legais necessários para ocupar aquele cargo (Carta de Santos Costa para Alfredo Pimenta, 24 de Agosto de 1949, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta). Além deste voto de confiança, Pimenta não escondeu a sua admiração por Mattos, seu amigo íntimo, chegando a afirmar publicamente que o considerava intelectualmente superior a figuras como António Sardinha (A. Ventura, “António Sardinha Republicano”, 2003). |
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