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MATTOS, Gastão de Mello de | |||||||||||||
A publicação e transcrição de fontes tornou-se outra das marcas de Mello de Mattos, de resto, em consonância com aquilo que a historiografia praticava ainda na primeira metade do século XX em Portugal. Apesar de aparentemente conservador, do ponto de vista da prática da História pôde destacar-se de alguns dos seus pares. A exaustiva investigação que desenvolveu nos arquivos nacionais não o impediu, por exemplo, de reconhecer os riscos de um potencial e excessivo apego à documentação, nem o perigo da credulidade no carácter inédito das fontes (Idem, “As notas do licenciado…”, 1942, p. 95; Idem, Um soldado…, 1939, pp. 5 e 6) nomeadamente decorrente de uma leitura literal daquelas que detinham carácter oficial (Idem, O Sentido…, 1944, p. 344), demonstrando com isto algum afastamento em relação àquilo que seria o espírito metódico ainda vigente em Portugal. Entusiasmava-o particularmente o confronto entre os diferentes documentos e a correcção de lapsos cometidos por quem anteriormente os tinha analisado, nomeadamente ao nível da datação, identificação da proveniência e (re)interpretação de determinado manuscrito, propondo-se frequentemente a refutar teorias de outros investigadores, tal como fez em trabalhos como Regimento de Guerra Quinhentista (1953) ou “Considerações tácticas sobre a batalha de Aljubarrota” (1962). Apesar de garantir que não tinha «qualquer intuito de abrir polémica» (Idem, “Considerações…”, 1962, p. 11), a proposta deste último artigo contrariava abertamente o estudo de Cordeiro de Sousa, tendo por base as novas provas arqueológicas encontradas no campo de batalha, ao argumentar que a tática de ataque portuguesa se fez apeada e não a cavalo, um tema aliás ao qual os historiadores ainda hoje regressam (re)questionando estas duas posições distintas (J. G. Monteiro, Aljubarrota Revisitada, 2001, p. 239). Foi de contrariedades e revisionismos que resultaram os trabalhos mais relevantes de Mello de Mattos, nomeadamente as entradas que elaborou acerca da importância, origem e objectivo das Linhas de Torres Vedras (G. M. Mattos, “Torres Vedras, linhas de”, 1971, pp. 180-182), sobre o propósito da batalha de Alcácer Quibir, no qual defendeu que esta expedição teve como intuito alcançar um protectorado em Marrocos que auxiliasse a defesa contra os turcos e não propriamente a conquista da cidade (Idem, “Alcácer Quibir, batalha de”, 1963, pp. 919-923) ou o estudo no qual alegou existirem terços da armada e tropas organizadas em permanência em Portugal desde o século XVI (Idem, Notícias do terço…, 1932, p. 5). |
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