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O pensamento histórico e político de Alfredo Pimenta é indissociável de um percurso intelectual e político polarizado, que vai do anarquismo individualista ao republicanismo (será redator do programa do Partido Evolucionista e braço direito de António José de Almeida, até 1914); do monarquismo constitucional ao integralismo (alinhado com o Integralismo Lusitano e, posteriormente, em nome próprio, com a Ação Realista Portuguesa) e, de forma matizada, ao salazarismo, denotando ainda, perto do final da vida, posições de simpatia pelo fascismo, correspondendo-se com Mircea Eliade ou prefaciando uma edição do testamento político de Mussolini. Ainda nos anos 20, durante uma das muitas polémicas em que se envolve, justificará a dispersão do seu percurso em carta à Seara Nova, com uma suposta linha comum que o sustentaria – o antidemocratismo – e que atravessaria todas estas afinidades políticas divergentes: "O que estava dentro do meu Anarquismo encontra-se dentro do meu Republicanismo e mantém-se dentro do meu Monarquismo […]. Antidemocrata no Anarquismo, antidemocrata na República, antidemocrata na Monarquia. Partidário das aristocracias, das elites, no Anarquismo, na República, na Monarquia. Cultivando os super-homens no Anarquismo, na República, na Monarquia. No Anarquismo, o meu Filósofo foi [Max] Steiner. Na República, o meu Filósofo foi Comte. Augusto Comte é o meu Filósofo na Monarquia." ("Carta ao Senhor David Ferreira", Seara Nova, 1-4-1922). A breve ligação ao anarquismo surge ainda durante a licenciatura, em Coimbra, por influência das leituras de Proudhon, Bakunine, Kropotkine e, em especial, Steiner. Em breve, no entanto, deriva para o positivismo, primeiro, e depois para o republicanismo – lendo Comte e Teófilo (de quem se torna amigo e a quem dedica O fim da monarquia, publicado em 1906). O filósofo francês, como de resto sucede a vários outros intelectuais seus contemporâneos de Coimbra (como Carlos Amaro, Henrique Trindade Coelho ou António Sardinha), exerce um peso decisivo na sua fase formativa: “Dobrado o cabo dos 21 anos, intoxicado de filosofices – de quantas filosofices encontrava no caminho, desde as germânicas às orientais, esbarrei na filosofia positiva de Conte – uma filosofia em que todos falam mas que só meio cento de pessoas leu e conhece diretamente." (O fim da monarquia, 1906, p. 46.). |
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