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PIMENTA, Alfredo Augusto Lopes São Mamede de Aldão, 1882 – Lisboa, 1950 |
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Apesar de obras distintas, na tipologia e no âmbito, em todas é possível discernir linhas metodológicas comuns – a preocupação com uma determinada cientificidade da análise historiográfica e com a validação das fontes –, bem como uma dimensão apologética enquadrável na historiografia tradicionalista. Adepto do processo histórico objetivo, por oposição ao que considerava a subjetividade de análise dos historiadores liberais e republicanos (e de ensaístas, como António Sérgio), Alfredo Pimenta reafirma-o em diversas ocasiões: “A História só é científica quando enumera à maneira dos cronicões medievais os factos […]; sempre que passa para o campo das sínteses, seja de reconstituição ou de explicação, a História passa para os domínios do subjectivo, do Eu, portanto do acientífico.” (Novos estudos filosóficos e críticos, 1935, p. 74); “A História não é mais do que o documento árido, nu, na sua absoluta impassibilidade” (Idem, p. 471). O trabalho do historiador deve ser um “trabalho frio, de dissecação laboratorial […]” (Idem, p. 108). Este argumento da imparcialidade da história e do passado como base de um certo revisionismo não difere da postura de outros historiadores, quer do campo nacionalista, quer do campo liberal. No entanto, a perspetiva metodológica que assume, coloca-o, por vezes, numa posição distinta face à historiografia tradicionalista. Veja-se, por exemplo, a avaliação feita a António Sardinha enquanto historiador, considerando absurda a intenção deste em escrever uma história de Portugal à luz da doutrina integralista e censurando-o por escrever história como se de tratasse de pura ficção (não quanto ao estilo, mas quanto à substância – A propósito de António Sardinha,1944, pp. 33-34). As ideias historiográficas de Sardinha, que pretendia tornar a história acessível ao grande público, sintetizando determinados tópicos e fazendo interpretações genéricas sobre determinadas fontes sem suporte de ciências auxiliares como a paleografia ou a diplomática, levam a que Pimenta o acuse mesmo de não dominar as técnicas do ofício de historiador (“A história objetiva ensina precisamente o contrário do que António Sardinha pretende convencer os seus leitores” – Idem, p. 63.). Em todo o caso, é percetível que, mais do que a linha do revisionismo tradicionalista da narrativa liberal seguida por Sardinha – e que Pimenta acompanhava, à sua maneira –, seria antes a forma de aquele a levar a cabo, de “pensador impressionista” (Idem, p. 44), que não se coadunava com o método objetivo seguido pelo autor vimaranense nos seus trabalhos: “Parti do princípio de que estava tudo por fazer. Não copiei uma linha de ninguém. Todas as fontes foram revistas e joeiradas” (Elementos da História de Portugal, 1934, p. viii). |
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