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O relacionamento com a cultura francesa, depois de 1640, provém da fraqueza experimentada no período de união, provocando uma reacção de defesa que pela ruptura política também atingirá a ruptura espiritual. O bilinguismo que ainda subsiste depois da Restauração em alguns autores – como Frei António das Chagas ou Francisco Manuel de Melo – vai pouco a pouco desaparecer, como que se apagando e assim morrendo a cultura peninsular. Mas Robert Ricard não se satisfaz com esses argumentos históricos, e prolonga os seus estudos para a dualidade que lhe parece existir entre a áreas da geografia religiosa dos dois países. Domínio que lhe parece ainda pouco explorado. Ao Norte cristianizado, com uma prática religiosa idêntica à espanhola e à italiana, com centro em Braga, opõe-se uma região descristianizada a sul do Porto e até ao Algarve, semelhante à da maior parte da França. Essa dissociação entre ideia nacional e ideia cristã que se dá em Portugal talvez explique a penetração do liberalismo filosófico e do laicismo que ficou a marcar. E daí à necessidade de explicar a carência das vocações religiosas vai um passo que Robert Ricard não deixa de dar. Sempre olhando para a história e observando o que está à sua volta. Erudição também no contemporâneo, talvez se possa dizer.
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