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A minuciosa inquirição sobre a Virtuosa Bemfeitoria – elaborada com imenso cuidado e pormenor – como é de seu timbre – consegue destacar as fontes de que o infante D. Pedro e o seu colaborador Frei João Verba se terão servido: obviamente o De beneficiis de Séneca, o Antigo Testamento no seu conjunto, os Evangelhos de São Mateus e São Lucas, textos de São Paulo, Aristóteles e Cícero, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Apesar disso, a Virtuosa Bemfeitoria é “em grande medida uma obra original que contém uma importante contribuição pessoal” do Infante. (Études sur l’Histoire, pp. 120-122). Que assim se fica a melhor conhecer. Robert Ricard dominava um conjunto amplíssimo de informações que faziam com que as suas análises eruditas dificilmente fossem contrariadas (ou sequer pudessem sê-lo). Porque ficavam apresentadas como evidentes as provas documentais para as conclusões que permitiam. Sem que fossem exageradas ou permitissem extrapolações. E isso era o que contava, no rigor que pretendia. E alcançava. Procurando pôr o seu saber e as suas análises ao alcance dos especialistas de outras disciplinas. Assim procede, por exemplo, a propósito da Virtuosa Bemfeitoria, “que em muitos aspectos se liga à filosofia política.” Não sendo esse o seu objecto, no entanto resumia as principais interpretações do livro do infante D. Pedro para assim proporcionar o seu estudo. (Études sur l’Histoire, p. 123). Porque para Robert Ricard não há que considerar apenas uma faceta de uma obra, mas a sua globalidade. Não estando ligado aos Annales ou a qualquer proposta posterior de história nova, no entanto é desses movimentos inovadores que se aproxima – mantendo embora os velhos procedimentos eruditos que estruturam a sua hermenêutica de uma finura dificilmente igualada. |
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