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JORGE, Ricardo Porto, 1858 – Lisboa, 1939 |
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Na sequência da colaboração com a Câmara Municipal, publica Saneamento do Porto. Relatório apresentado à Comissão Municipal de Saneamento, 1888. Depois de abordar a sanitariedade urbana e propostas de intervenção, acrescenta informações sobre o passado da higiene municipal, utilizando o arquivo camarário, que considera “incomparável repositório de preciosíssimos documentos de história comunal”. O combate sanitário amplia-se em 1892, quando sobe a responsável pela Repartição Municipal de Saúde e Higiene. Cria um Laboratório de Bacteriologia e organiza a Estatística Demográfica, coligida mensalmente num Boletim, propondo-se “caboucar e arquitetar números, médias, relações, diferenças e proporções”. Procurava abrir caminho à “medicina social”, que considerava desvalorizada e caluniada dentro e fora da classe profissional, dado passar ao lado do “serviço imediato dos enfermos” e ser uma atividade que “por interessar a todos vê diluído o seu prestígio”. Mas o campo da “demo-medicina” estava em crescendo, a higiene conjugava medicina e sociologia para estudar os “males físicos da unidade social em si e nas suas causas, atalhá-los e preveni-los, aguentar e revigorar o homem coletivo de modo a fazê-lo alcançar a máxima felicidade física” (Demografia e Higiene, pp. V-VI). Daí resulta, em 1897, o texto Origens e desenvolvimento da Cidade do Porto – Notas Históricas e Estatísticas. Este é o seu primeiro trabalho com objetivos verdadeiramente historiográficos, conjugados com estatística: estudar o agregado urbano, que “acresce a sua população por dois processos: pela reprodução dos moradores próprios e pela aquisição de moradores estranhos”, no cruzamento do processo biológico com o processo social. A história persegue aqui o objetivo de proceder ao rastreio da “demografia topográfica do Porto”, difícil de cumprir numa terra com a “sua história por fazer e até os seus documentos por compilar”. Evoca o papel pioneiro, sem continuidade, de Herculano. Referindo os escassos trabalhos históricos sobre o Porto, documenta-nos sobre a organização do arquivo municipal, em 1888, com o presidente, Oliveira Monteiro, a nomear uma comissão integrada por Ricardo Jorge, José Carlos Lopes e José Caldas, num processo relevante para a defesa do arquivo municipal. Em 1899, surge Demografia e Higiene da Cidade do Porto, tomo I do Anuário do Serviço Municipal. A obra integra o texto revisto das Origens e desenvolvimento da População do Porto, incorporando já os dados do recenseamento de 1890, ao nível nacional e local, com um exercício de comparação internacional. Classificando o Porto como “cidade cemiterial”, este estudo de demografia alicerçado numa visão histórica da população veio evidenciar a necessidade da história para produzir conhecimento sanitário, constituindo um modelo seguido por outros médicos. |
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