| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
JORGE, Ricardo Porto, 1858 – Lisboa, 1939 |
|||||||||||||
Em prefácio para Samuel Schwarz, Os cristãos-novos em Portugal no século XX (1925), evidencia os seus conhecimentos sobre os judeus em Portugal: estudara as biografias de vários médicos judeus e havia mesmo quem o identificasse como sendo ele próprio judeu, até pela fisionomia, situação que comenta, afirmando não ter informações sobre isso. Em 1928, o limite de idade traz a aposentação das funções administrativas. Ricardo Jorge continua a participar em conferências internacionais e a publicar relatos de viagem polvilhados de história e cultura. Publicou volumes com esses relatos, no seu estilo muito próprio de escrita vernácula (algo camiliana), evidenciando capacidade de observação e profunda espessura cultural, deixando testemunhos sobre os tempos vividos entre as duas guerras mundiais: Canhenho dum vagamundo (1923), Passadas de erradio, Impressões e estudos de viagem (1928), Brasil! Brasil! (1930), volumes que mostram as suas deambulações sanitaristas e as interpretações de um tempo histórico conturbado. Um volume póstumo, De Ceca e Meca (1961), aglutina textos que tinha previsto para “Terra Santa e Terras de Mafoma”, nunca publicado. A vertente da história da medicina teve incremento na década de 30. Em 1933, Ricardo Jorge publica Summa Epidemiologica de la Peste – Épidémies anciennes et modernes, um dos seus contributos significativos para a História da Medicina, apresentado como “exercício analítico e sintético, um trabalho de seleção e de condensação de teses a deduzir e a demonstrar”, com base em trabalhos anteriores. Trata-se da comunicação ao Comité Permanent de l’ Office Internationale d’ Hygiène Publique, em outubro de 1932: a perspetiva histórica é axial para a referenciação dos ciclos da peste na Europa, a identidade nosológica dos vários tipos de peste, a virulência, linhas de propagação, profilaxias, mutação epidémica, mutação doutrinal, variação de vetores, novas teorias e declínio da peste. Desde 1932, integrou o Grupo Português de História das Ciências, como sócio fundador e Presidente da Secção de Lisboa. Em 1934, tornou-se membro correspondente da Académie Internationale d’Histoire des Sciences, integrou a Comissão Organizadora do Congresso Internacional de História das Ciências, realizado em Portugal, apresentando, em Coimbra, a comunicação La médicine et les médicins dans l’expansion mondiale des Portugais. Um relacionamento com o ex-rei D. Manuel levaram-no a prefaciar “Os Livros Antigos Portugueses” e a escrever sobre o códice “Regimento Proveitoso contra a Pestenença”. Volta, em 1934, ao estudo de Rodrigues Lobo, em Cartas dos Grandes do Mundo, datadas de 1612, com prefácio e notas à edição do códice depositado no Museu Britânico. E continuou a escrever, elaborando novos relatórios para os encontros do Office International d’Hygiène ou deixando textos literários e/ou históricos. |
|||||||||||||