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A historiografia espanhola vivia, na altura, uma reorientação europeísta que em boa medida era herdeira do regeneracionismo posterior a 1898. Espanha entrara, com o fim da Guerra da Independência Cubana, num período de reflexão marcado pelas noções de desastre e decadência, e os intelectuais do Centro de Estudios Históricos assumiram como responsabilidade própria a recuperação moral do país. Para impulsar essa recuperação foram à procura da ‘intrahistória da nação’; isto é, daquilo que a diferenciava de outras, que estivera na origem da sua formação e determinara a sua identidade. Através da localização e da análise dos documentos preservados em arquivos e bibliotecas, de textos conservados e de romances transmitidos oralmente, definiram os primórdios e os primeiros passos de uma cultura original e diferente, que se tinha desenvolvido e evoluído em paralelo às outras culturas europeias. Utilizaram as metodologias científicas consagradas pela comunidade internacional para sublinhar aquilo que diferenciava a nação espanhola das outras, e também para valorizá-lo. Em consequência, e seguindo o modelo desenvolvido noutros países em Oitocentos para construir as histórias nacionais ocidentais, mergulharam na história das instituições e na evolução do Direito nos séculos posteriores à desintegração do Imperio Romano, que identificaram como a fase em que, devido à divisão geopolítica de Europa, era possível situar as origens das nações contemporâneas. Os trabalhos de CSA ficaram desde cedo enquadrados dentro desta perspetiva de estudo das temáticas histórico-jurídicas medievais a partir das metodologias alemãs e francesas, mas com base nos documentos e nos dados que permitiam diferenciar a história espanhola, determinar aquilo que a fazia única. No ano de 1926 CSA ingressou na Real Academia de la Historia com uma palestra intitulada «Estampas de la vida en León durante el siglo X» e, entre os anos 1927 e 1928, viveu em Viena e participou no seminário dirigido pelo professor Alfons Dopsch (1868-1953) no instituto austríaco de investigação histórica (Institut für Österreichische Geschichtsforschung), que influiu decisivamente nas suas concepções historiográficas. Para além de focar a atenção na história das instituições, Dopsch discordava das periodizações e defendia as mudanças graduais, as evoluções progressivas. A presença destas ideias na obra de CSA, bem como uma concepção teleológica, quer da História – magistra vitae que explica o presente – quer da própria vida, foram constantes na sua obra. Paralelamente, ao longo de toda a sua carreira imperou um forte rigor de método que o levou a questionar todas as teorias, alheias e próprias, a partir de uma constante leitura e releitura das fontes, de uma análise profunda dos documentos e de um forte espírito crítico. A detalhada revisão e fundamentada crítica das propostas teóricas de outros historiadores, anteriores e coevos, ocupa uma parte significativa dos seus trabalhos. O conjunto da sua obra foi construído sobre umas ideias próprias que frequentemente testava e que visavam definir um eixo explicativo da história de Espanha, dentro do qual as instituições medievais tinham o protagonismo.
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