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SÁNCHEZ-ALBORNOZ Y MENDUIÑA, Claudio Madrid, 1893 – Ávila, 1984 |
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CSA só regressaria a Espanha depois da morte de Francisco Franco e o fim da ditadura. Recusou os convites que lhe foram encaminhados nas décadas anteriores, porque considerava que regressar era capitular, e respeitou o compromisso de não emitir opiniões ou juízos que pudessem interferir na política argentina, especialmente durante o primeiro período de governo de Perón. Mesmo assim, a partir de 1946 foi presidente da Asociación de intelectuales demócratas españoles e, entre os anos 1962 e 1971, presidente do governo da República no exílio. Longe da sua família, com pouco interesse pelo presente e sempre com dois relógios, um com a hora espanhola e um outro com a argentina, consagrou quarenta anos a pensar em Espanha desde a distância. Separado por um oceano dos arquivos e dos documentos, as fichas que conseguira recuperar duas vezes, e levar consigo a América, foram a principal base dos seus trabalhos. Formou uma importante escola de discípulos, lecionou na Universidad de Buenos Aires, dirigiu o Instituto de Historia de España, fundou a revista Cuadernos de Historia de España, cultivou a saudade e interrogou-se constantemente sobre o mistério espanhol; aquilo que ele chamava ‘o enigma histórico’, e que deu título ao livro que escreveu em resposta ao ensaio España en su historia. Cristianos, moros y judíos de Américo Castro, publicado em 1948. No seu texto, Castro partia da ideia de que o historiador é um “biógrafo dos povos” e negava a existência de espanhóis antes do século VIII, porque considerava que os judeus e os muçulmanos estiveram no centro da cultura nacional. CSA, pelo seu lado, minimizava a importância do islamismo na identidade ibérica e negava que tivesse havido uma simbiose entre culturas. Em síntese, o primeiro considerava que os rasgos definidores da “morada vital” eram orientais e semitas, e o segundo sublinhava a essência latina e cristã da “contextura temperamental” do povo histórico. O mais chamativo desta interessantíssima polémica é que nela se confrontaram dois investigadores formados no Centro de Estudios Históricos e com percursos paralelos, que defendiam a partir do exílio duas noções diferentes do que tinha sido e era Espanha. Assim, e como consequência da guerra, um dos principais debates intelectuais do século XX sobre a identidade espanhola foi desenvolvido a milhares de quilómetros da Península. No que diz respeito à origem de Portugal, ambos autores defendiam a teoria do acaso – a ideia de que o território se tinha tornado independente por ‘acidente’ –, que seria contestada por Jaime Cortesão num ensaio sob o título «Causas da independência de Portugal e da formação portuguesa do Brasil», em 1959.
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