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De acordo com o testemunho de Eric Axelson, seu amigo próximo, Silva Rego considerava-se "apolítico", «neither pro-salazar nor anti-salazar» (E. Axelson, ibidem, p. 56). Contudo, como foi já observado (J. Madeira, "Subsídios...", 2008, p. 252), o seu discurso e produção historiográfica inscrevem-se modelarmente na orientação ideológica difundida pelo Estado Novo no que respeita ao enaltecimento da expansão portuguesa e à justificação da manutenção do ultramar português, havendo quem tenha detectado traços luso-tropicalistas nos seus textos (Idem, p. 241). De facto, é inegável a ligação de Silva Rego ao governo durante o período do Estado Novo, tendo inclusivamente desempenhado funções políticas enquanto vogal do Conselho Ultramarino e, durante mais de vinte anos, entre 1953 e a Revolução de 74, como Procurador da Câmara Corporativa para matérias ultramarinas missionárias e episcopais sobre o Oriente. Nos anos 60, chegou a ser destacado pelo governo para realizar missões em África, nomeadamente para o estudo da Missionologia em território africano (A. Moreira, ibidem, pp. 231-232). Transpunha assim o seu objecto de investigação, aplicando-o à «ideologia missionária colonial contemporânea» (J. Madeira, "A Construção...", 2006, p. 114). A legitimação da expansão portuguesa no século XVI, as questões missionárias, a colonização africana e oriental foram alguns dos tópicos estudados e nos quais procurou fundamentar a teoria do "bom colonizador português", o qual, através da missionação e da identificação religiosa, transformou os colonizados em voluntariosos convertidos, o que, do seu ponto de vista, gerou um mútuo e benéfico encontro de culturas. Para Silva Rego, a expansão portuguesa tinha resultado dos desígnios da providência divina, que decidiu tornar Portugal no «primeiro embaixador enviado pela Cristandade e pela Europa da Renascença ao culto do Oriente» (A. Silva Rego, Curso de Missionologia, 1956, p. XXIII). Por esse motivo, pretendeu atenuar a carga pejorativa que o conceito de «colonização» tinha vindo a adquirir. Na sua opinião, este deveria ser observado à luz do fenómeno evangelizador e da essência missionária pura, abjurando a contaminação de pretensões políticas com que alguns o tinham conotado. |
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