AV passou a morar com o tio em S. Martinho do Bispo (junto de Coimbra), onde continuou os primeiros estudos, ou os iniciou, como diz em 1937, e talvez com razão. O latim, que começou a estudar com o tio, foi aperfeiçoado com o padre de Oliveira de Hospital, segundo declara. As outras disciplinas também não foram preparadas no liceu, de cujos anuários não consta o seu nome como aluno interno, mas nele fez exames, em tempo que vigorava o regime liceal por disciplinas. O seu nome consta dos alunos distintos, no ano lectivo de 1877-1878, em Geografia e Introdução à História Natural. Acabou os preparatórios com a cadeira de Filosofia (1ª e 2ª parte), obrigatória para a inscrição em Teologia, onde se matriculou, como aluno ordinário, no ano lectivo de 1878-1879, passando então a residir na cidade em casa particular, como tantos outros estudantes. Morou, primeiramente, na Rua dos Anjos, nº 6, mudando-se no ano seguinte para a Estrela, lugar saudável e de vistas deslumbrantes. Não concluiu o primeiro ano por doença (febre tifóide), mas cursou regularmente os cinco anos escolares seguintes, sendo galardoado ao longo deles com «prémio» ou honra de «accessit» (no 2º ano). Licenciou-se em 1885 com 17 valores (a mesma nota de bacharel formado), ano em que também cantou missa nova, e doutorou-se em 1886 (com 18 valores), vivendo um tempo académico de que traçou, em 1936, saborosos bosquejos. Obteve o primeiro despacho para o magistério em 26 de Maio de 1887, iniciando então a carreira de professor catedrático na Faculdade de Teologia.

AV, que possuía a serenidade e bondade apanágio dos sacerdotes, ficou marcado pela paisagem e o meio onde nasceu (e mesmo onde viveu como estudante, em S. Martinho do Bispo e à Estrela), tendo haurido desde a meninice «a pureza ancestral do sangue aldeão» (Maurício Santos). Amante da simplicidade, embora se deleitasse com o esplendor litúrgico, sensível à paisagem serrana e à serenidade das noites de Agosto, natureza e céu que observava com luneta astronómica à procura do «conhecimento do criador, do visível subir ao invisível», sacerdote que rezou missa campal em plena Serra da Estrela ao nascer do sol (1888), era um homem de fé, de sensibilidade artística, possuidor de uma inteligência arguta e memória pronta e tenaz, pleno de muitos saberes que nas aulas exprimia com voz bem timbrada. Cultor da amizade, da verdade, da rectidão e da obediência ao seu prelado, conteúdos da cadeira de Ética Cristã Especial, que também leccionou. Calendarista da diocese (e para além dela) e da própria Universidade, liturgista sacerdotal e académico, ninguém como ele conhecia e sabia marcar com precisão e minúcia os ritos do fasto ou do quotidiano, o que lhe dava uma imensa vantagem na interpretação e compreensão dos temas históricos a que se dedicou.

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