O seu trabalho de historiador foi inicialmente marcado, como não podia deixar de ser, pelas vivências culturais dos finais do século XIX, onde avulta a ideia da história como ciência (assim como a linguística), servida por um método de apuramento rigoroso dos factos. Por outro lado, as temáticas históricas que desenvolveu estão ligadas à sua formação religiosa, tomando como ponto de partida a história local eclesiástica ou universitária. Quando, em 1926, se desloca a Itália «em missão gratuita de estudo», são ainda os templos religiosos que lhe chamam a atenção.

Estas características, assim como a não propensão especulativa de teólogo, revelou-as AV nos primeiros escritos maiores, como a dissertação de doutoramento sobre o Divórcio (1886) ou o trabalho bíblico-linguístico para concurso ao magistério, Pluralismo da linguagem (1887) e, sobretudo, quando, aos 34 anos (1894), edita a sua primeira «tentativa histórica», como a classifica, embora fosse obra de «historiador já feito», no ajuizar de Damião Peres em 1940. Trata-se da obra Evolução do culto de D. Isabel de Aragão, a qual foi precedida e acompanhada de outros estudos de natureza historiográfica, como bem revela o elenco bibliográfico publicado no primeiro volume (1940-1941) da RPH, um total de 223 itens entre os cerca de trezentos trabalhos, de índole diversa, que publicou. Embora enfermiço pela vida fora, era homem de «rara energia e de incansável actividade», como o qualificou, em 1894, J. Mendes dos Remédios.

A configuração do historiador profissional mal existia ainda em Portugal, ou pelo menos «a escola ainda não formava historiadores» (A. L. Carvalho Homem), sendo a História estudada, na Universidade, nas Faculdades de Teologia e de Direito, no pertinente às áreas dos seus saberes.

AV foi professor de diversas cadeiras na Faculdade de Teologia, cujos programas são conhecidos, entre elas as de Teologia Dogmática (1890), onde necessariamente tratava da história do mundo e do homem, e de Isagoge Geral e Arqueologia (1902), a qual constituía a primeira parte de Estudos Bíblicos, onde, em matéria de Arqueologia, leccionava temas sobre história da vida material, social, económica, religiosa e cultural dos hebreus. E numa segunda parte dos Estudos Bíblicos, a Faculdade ensinava Isagoge especial, hermenêutica e heurística, saberes de interpretação e de crítica que AV nunca deixou de adaptar aos textos profanos.

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