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Foi em dezembro que Alberto da Veiga Simões nasceu, a 16. Ainda no século XIX, em 1888. Dezembro virá a ser igualmente o mês em que se despedirá deste mundo, no dia 1. Já na segunda metade do século XX, em 1954. Não chegou, por conseguinte, a completar 66 anos. Filho único de uma família respeitada, de grandes proprietários, em Arganil. O pai, António José Simões, a par da sua atividade principal, como escrivão notário, foi secretário da Santa Casa durante vários anos, a mãe, Guilhermina Alves da Veiga, dedicou o melhor do seu tempo à família. Aqui viu os primeiros raios de luz. Aqui descansará para sempre, no cemitério local. Após mais de uma década (auto)exilado na capital francesa. Depois de concluir a instrução primária em Arganil, os pais matricularam-no no Liceu Central de Coimbra. A sua fortuna permitia-o. A inteligência do filho recomendava-o. Os primeiros cinco anos ter-lhes-ão sido particularmente gratos. Veiga Simões primou pelas boas classificações. O ano letivo de 1903-1904 marcará, todavia, e para sempre, a mudança na sua vida académica. Matérias bem diversas, das que se encontravam nos manuais, e propósitos igualmente distintos, dos que os professores recomendavam, passaram a interessá-lo. Ou desinteressá-lo. A literatura, em geral, a poesia, em particular. Tudo passível de vir a ser editado. Se os professores não admiraram os seus devaneios, reprovando-o, «por falta de média», já os colegas elegeram-no, para os representar, quer no interior do próprio liceu, na direção da Filantrópica, quer junto das autoridades nacionais, na contestação à reforma do ensino secundário então em vigor. Quanto aos pais, receosos por tamanha dispersão, transferiram-no para um outro liceu, numa cidade supostamente mais pacata, Viseu. Na esperança de que a distância o acalmasse e redirecionasse no sentido dos compêndios escolares. Em vão! O seu ímpeto jamais se aquietará e os seus múltiplos interesses ultrapassarão, sempre, quaisquer currículos oficiais. Mesmo assim, não voltou a reprovar. E até teve tempo para compor e publicar o seu primeiro trabalho historiográfico. Uma monografia sobre Arganil – nallustração Portugueza, 1906. Ainda não completara 18 anos. A maioridade levou-o de regresso à Lusa-Atenas. Ao convívio com alguns dos antigos condiscípulos. Ao afastamento de outros. Ao estabelecimento de novas amizades. Desde que não comprometessem a aprovação em cada um dos cinco anos do Curso de Direito no qual se matriculou. Tê-lo-ão advertido os pais. E foi assim que o ecletismo de Veiga Simões se pôde espraiar pelas mais variadas revistas, de índole crítica e literária, ora editadas por si próprio, ora por outros – No Circo, 1906, Serões, 2.ª série, 1909, A Farça, 1909-1910, A Águia, 1.ª série, 1910-1911 e 2.ª série, 1912, e A Rajada, 1912 –, ou por géneros tão díspares como o conto, o ensaio, a escrita memorialista e o teatro – Nitockris, 1908, A Nova Geração. Estudo sobre as tendências actuais da literatura portuguesa, 1911, Elegia da Lenda. Livro das Saudades, 1912, e Sombras, 1912. Sempre com independência. Genialidade, dirão os admiradores. Altivez, contrariarão os críticos. |
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