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Simões, Alberto da Veiga | |||||||||||||
A mudança de mares, ou de rotas, ocorrida no século XIV, verificou-se por diversas razões. Porque a Guerra dos Cem Anos arruinara as grandes feiras do velho continente, até essa altura centros de distribuição dos produtos orientais transportados pelos italianos. Porque os otomanos deixaram de se contentar com o território ao qual estavam inicialmente confinados, expandindo-se para o Mediterrâneo. Esta mudança irá operar-se praticamente ao mesmo tempo da preparação da conquista de Ceuta. Empreendimento levado a cabo por um «rei imposto por uma burguesia que era a expressão económica da nação» (Idem, 2004, p. 53). Estávamos no dealbar de uma nova era: «O momento em que Portugal prepara a sua esquadra para a conquista de Ceuta fecha a idade iniciada pela destruição definitiva da organização romana, e abre para o mundo a Idade Moderna do capitalismo e dos nacionalismos económicos» (Idem, 2004, p. 51). As cidades do Norte da Europa irão passar a ser os novos centros de redistribuição pelos mercados do interior. Após os respetivos transportadores atracarem nos portos nacionais. «Sob o impulso inicial da pequena nação portuguesa, primeiro pela sua própria produção, em seguida pela das suas novas terras, assim como pelo transporte de mercadorias preciosas do Oriente, o mundo saiu dos horizontes herdados do Império Romano e fez do Atlântico o Mare Nostrum dos tempos modernos» (Idem, 2004, p. 63). Henri Pirenne, «glória da ciência histórica» dos anos trinta, assim o considerava Veiga Simões, foi o historiador mais encomiasticamente citado por si. M. Goris, outro historiador belga, também foi bastas vezes evocado. Ao identificar-se com Jaime Cortesão, na «solidariedade existente entre a ação da economia portuguesa destinada a dominar o estreito e as cidades da Flandres», não deixou de o nomear (Idem, 2004, p. 51). Já outros, cultores de uma «história de vistas curtas», foram-no só implicitamente. Por deles se distanciar, mormente no que se referia aos efeitos da denominada «política de transporte» sobre a produção nacional. |
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