Nos últimos anos de vida, em Paris, Veiga Simões, não obstante os sucessivos problemas de saúde que o foram debilitando, bem assim à sua mulher, agravados pelo ostracismo a que fora votado pelo MNE, ainda encontrou forças para voltar a dedicar o melhor do seu tempo à escrita da História. Particularmente dos primórdios da nacionalidade. Aos amigos que com ele continuavam a corresponder-se, e com ele partilhavam o gosto pelo estudo do passado, dava conta dos diversos projetos que tinha em mãos. Os amigos que ainda o visitavam, viram-nos com os seus próprios olhos, tiveram-nos nas suas próprias mãos. Alguns ainda manuscritos. Mas outros já em letra de forma. Como o volume dedicado ao Infante das Sete Partidas. João Alves das Neves foi um desses amigos. Um dos que, após a sua morte, mais deplorou o desaparecimento, envolto em mistério, de todo esse labor. Tão afincada e pacientemente construído ao longo de décadas. Entre a Europa e o Brasil. «Ora a sua não publicação prejudica irremediavelmente o estudo do Portugal quatrocentista e seus antecedentes.» Assim o escreveu Vitorino Magalhães Godinho, um dos poucos historiadores que sempre se conservou fiel ao seu legado (“Alberto da Veiga Simões”…, 1990, p. 591). Um legado que urge redescobrir porquanto: «Para além de todas as metáforas, ele foi um meteoro a rasgar o céu de uma historiografia estivada e amorfa, tal qual se fazia nos anos 20 e 30, e os seus ensaios sobre a História passam perto de um António Sérgio, de um Jaime Cortesão, de um Duarte Leite, mesmo de um João Lúcio de Azevedo, o que quer dizer que saíram da sua pena e da sua inteligência algumas das mais profundas e bem estruturadas propostas para a leitura da nossa vida coletiva.» Escreveu-o um outro historiador, Marques de Almeida, um dos seus melhores leitores e maiores admiradores (Estudos de História…, 2004, p. 14).

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