Em particular na fase mais fecunda da revista, entre 1912 e 1916, inúmeros foram os autores (como Jaime Cortesão, Sampaio Bruno, Damião Peres, Raul Proença, João Ameal, Hernâni Cidade, Delfim Santos ou Agostinho da Silva) e os textos de interesse historiográfico (se bem que muitos desses textos não passassem de recensões ou obituários). Destaca-se uma variedade de documentos cujo fundo não era alheio à procura de um passado de heróis, à redescoberta de uma glória colectiva. No número de Janeiro de 1912, António Sérgio, num texto intitulado “A ideação de Oliveira Martins”, exaltava as capacidades criativas ou imaginativas de um autor de que era bastante conhecedor, e que apelidava de “historiador-romancista”. De Teófilo Braga foram dados à estampa dissemelhantes textos, como “Na cela de San Yuste” (nº 5, Maio de 1912), breve narrativa ficcional sobre Carlos V, que num convento relembrava os seus tempos de grandeza e saboreava o confinamento a um espaço fechado, ou “Renascença. Século XVI” (nº 14, Janeiro de 1913) e “A Revolução de 1640” (nº 41, Maio de 1915).
Singular é o ensaio “As grandes épocas sociais têm por síntese uma epopeia”, de Agosto de 1914, em que Teófilo Braga retomava uma ideia grata à Renascença, e já encontrada nos referidos textos de Cortesão: a de que havia momentos da história em que a acção colectiva se conjugava numa aspiração comum ou num ideal situado acima da luta das paixões e dos interesses pessoais, que originava uma alma colectiva cuja expressão completa era a epopeia. Intelectualmente próximo de Pascoaes, referindo-se à añoranza, equivalente galego encontrado para a nostalgia ou tristeza, o lusitanista catalão Ribera i Rovira foi correspondente da Águia entre 1912 e 1919, e publicou duas conferências, “A Educação dos povos peninsulares” (1912) e O Génio peninsular (1914), pela chancela da Renascença Portuguesa. Em “A Educação dos povos peninsulares”, que saiu na revista em Maio de 1912, Rovira defendia a conveniência de aproximação das três pátrias que, à boa maneira dos iberistas catalães, dizia existirem na Península Ibérica (Castela, Catalunha e Portugal). Argumentos para uma futura federação ibérica, como o fundo civilizacional comum e o “génio peninsular”, não lhe faltavam. Lendo o que Rovira publicou na Águia, sobressai uma vez mais a influência de Oliveira Martins, que tão importante foi para uma série de iberistas culturais portugueses e espanhóis. Rovira citava e caracterizava Martins como “alto espírito ibérico [que] definia admiravelmente a alma castelhana” (“A Catalunha”, Idem, nº 21, Setembro de 1913).