Também em sintonia com os federalistas catalães — escreveu até uma introdução para Iberisme (1907), de Ribera i Rovira—, Teófilo Braga conciliaria nos seus trabalhos escritos o sentimento de pátria com o de república federativa peninsular e latina e distinguiria os três tipos históricos e étnicos da Península: Portugal, Castela e Catalunha. Assim, desta teia de ligações e de influências se depreende que o interesse, tantas vezes manifestado por muitos dos autores que publicaram na Águia, pela "marcha da civilização", pela colectividade, pela redescoberta da grandeza portuguesa (e ibérica), teve como profunda motivação um desejo de abertura ao exterior. Essa abertura, que deveria copiar o rasgar de horizontes dos Descobrimentos, remetia para o que Fernando Pessoa, nos ensaios publicados na Águia (“A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada”, saído em Abril de 1912, e “A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico”, lançado em três partes, em Setembro, Novembro e Dezembro do mesmo ano), descreveria como um “nacionalismo cosmopolita” que libertaria os portugueses da subserviência à cultura estrangeira e, ao mesmo tempo, os tornaria tão desenvolvidos (cultural e economicamente) quanto os estrangeiros. Tendo em conta que o federalismo ibérico interessava a estes autores, mesmo a Pessoa, vale a pena sublinhar que entre as motivações de qualquer formulação iberista estava o fim das subserviências, das dependências de países mais fracos em relação a outros considerados mais fortes ou mais ricos. Pessoa, que criticava um país estagnado, que não se salvaria sem um confronto cultural necessário para a produção de civilização, o que desejou quem escrevia na Águia era, independentemente do enfoque escolhido, um Portugal resplandecente, independente, livre das crises, da decadência. |
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