Outro texto que se enquadra no que representou a Águia em termos historiográficos é “Os Descobrimentos dos portugueses e a viagem de Magalhães”, do escritor e diplomata Alberto de Oliveira. Nesse texto (Novembro de 1920), versão de um discurso pronunciado no Teatro Municipal de Santiago do Chile, por ocasião do 4º Centenário da viagem de Magalhães, retomava o interesse pela história civilizacional que se materializava na busca da origem da raça e na exaltação de um passado glorioso povoado de heróis. Como tantos outros autores, alguns deles aqui citados, não desprovido de uma grande carga messiânica, negava Alberto d’ Oliveira que existisse na “história colectiva da Humanidade” acontecimento de maior significação para a “marcha da civilização” do que os Descobrimentos levados a cabo pelos “Navegadores e Conquistadores da Nova Raça”. Coragem, fé, força criadora, tenacidade, “intuição genial”, eis as palavras encontradas por Alberto d’ Oliveira para caracterizar heróis ibéricos como Cristóvão Colombo, Albuquerque, Cortez ou S. Francisco Xavier (Idem, nº 109-111, Janeiro-Julho de 1921).
Vislumbram-se várias afinidades entre alguns dos nomes citados no parágrafo anterior. Ainda que se tenha debruçado sobre temas como o iberismo ou as relações ibéricas quase sempre de forma literária e lírica, Teixeira de Pascoaes, à semelhança de Ribera i Rovira, referia-se a uma "Alma Ibérica" e repudiava o centralismo castelhano. Considerando as suas deslocações a Espanha e as cartas que trocou com dezenas de espanhóis, sabe-se que foi próximo de figuras públicas e intelectuais galegas e catalãs, assim como de autores como Miguel de Unamuno, a quem aliás recenseou nas páginas da Águia o livro Por Terras de Espanha e de Portugal (1911). Não é de somenos referir que o pensamento de Rovira reverberou nos escritos de outros portugueses, dos quais Alberto de Oliveira é exemplo. Em Portugal y Galicia, nación, identidad étnica, histórica literaria, filológica y artística (1911), o catalão destacaria as afinidades existentes entre Portugal e a Galiza, regiões que apelidava de entidades artificiais por unirem-nas elementos étnicos, filológicos e mesológicos. Alberto de Oliveira, que exerceu as funções de cônsul no Brasil e se batia pelas boas relações entre Portugal, Brasil e Espanha, sustentava em Pombos Correios (1913), que era impossível explicar, geográfica, etnográfica ou historicamente, os motivos pelos quais a Galiza escapara de ser “como lhe competia, uma província portuguesa”. Meros filhos adoptivos de Castela, realçava, os galegos tinham no povo português a sua família legitima (Pombos Correios, p. 8).