O último número, de 1979 (pós-25 de Abril), com artigos dedicados à cultura campaniforme, bem como à cerâmica de importação e com um ensaio tipológico de indisfarçável matriz antropológica, contrariaria o referencial nacionalista exposto e denotaria uma inequívoca deriva processualista, desligados das explicações étnicas dos números anteriores, constituindo-se como interpretações tout court das sociedades passadas com base na cultura material, epistemologicamente alicerçadas no evolucionismo cultural e na Antropologia.
No conspecto dos 8 números, as publicações etnográficas seguem a mesma toada, dedicadas como são aos cantares populares, à gastronomia típica da zona das Beiras, à doçaria regional, às tradições religiosas alentejanas, ressalvando, dentro das peculiaridades regionais, o substrato profundo da identidade portuguesa. Embora consistentemente reduzida em termos da economia do discurso da revista, raro é o artigo de temática historiográfica que escape aos séculos XV-XVIII, com especial incidência em Quinhentos, sendo quase sempre coerente com o ideário estado-novista. Sendo um empreendimento distinto, poder-se-á dizer que a temática, bem como o tratamento da informação se harmonizam com a edição dos Monumenta Henricina, por Manuel Lopes de Almeida, Idalino Ferreira da Costa Brochado e António Joaquim Dias Dinis O.F.M., e dos Descobrimentos Portugueses, de Silva Marques, antigo membro da Ethnos, já referido.
Desde a fortaleza de Malaca, à (sintomaticamente escolhida) derrota de Nassau na Baía, a relações de viagens inéditas a vários pontos do Império, à chancelaria de D. Manuel, à cartografia das Descobertas, a Gil Vicente, ao Infante D. Henrique e até ao debatidíssimo leitmotiv das causas da expansão portuguesa no Magrebe (mormente focado na repescagem das teses sergianas a respeito da tensão entre a burguesia e a nobreza e no reaproveitamento do ideal de Cruzada como motores principais da empresa de Ceuta), a Expansão Portuguesa avulta claramente, com a consolidação da ideia de que o Império era o destino histórico de Portugal e que o Infante se transformara no homem do leme, na figura visionária e transcendental que primeiramente cumprira esse desígnio elevado e patriótico, não descurando o rigor dos princípios historiográficos de transcrição documental.