Composta e impressa na Tipografia da Atlântida, saiu no ano de 1941 o primeiro tomo da Revista Portuguesa de História, patrocinado pelo Instituto de Alta Cultura. A capa era sóbria. No topo, ostentava o nome da instituição que lhe servia de berço – a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – e do Instituto a que ficaria afecta até ao ano de 1975 – O Instituto de Estudos Históricos Dr. António de Vasconcelos. No meio da folha, por baixo do nome da revista, vê-se a marca do Instituto de Estudos Históricos, carimbo adaptado da zincogravura criada por António Augusto Gonçalves (1848-1932) para o ex-libris de António de Vasconcelos. O desenho representa um monge, numa postura de escrita, iluminado por uma candeia, tendo por baixo, a divisa: Interroga et diligenter investiga.
Vivia-se no 4º Grupo (História) da Faculdade de Letras, nas palavras de António de Oliveira, um tempo “de grande vigor historiográfico” conforme se atesta pelas áreas de especialidade, e pela obra, dos membros do corpo redatorial da RPH: Damião Peres (História dos Descobrimentos), Joaquim de Carvalho (História da Cultura e da Filosofia), Virgílio Correia (Arqueologia), Manuel Lopes de Almeida (História Social e das Instituições), Paulo Merêa e Luiz Cabral de Moncada (História do Direito e das Instituições), Mário Brandão e Torquato Sousa Soares (História das Instituições).
A justificação para a criação da RPH, os seus objectivos e princípios orientadores enunciavam-se, de forma clara, no editorial: “A falta cada vez mais sensível de uma revista portuguesa de História levou a Direcção do Instituto de Estudos Históricos a promover a publicação de um anuário que seja simultaneamente o testemunho vivo da sua actividade cultural e a projecção dessa actividade em todo o País. Assim, existindo, essencialmente, para arquivar a produção do núcleo de estudiosos que se agrupam no Instituto, nem por isso enjeita a contribuição de estranhos que queiram trabalhar de harmonia com os seus métodos de investigação e crítica histórica. E porque o trabalho histórico é, por natureza, um trabalho de colaboração, procurará ainda a Revista Portuguesa de História pôr-se desde já em contacto com os diversos países da Europa e da América, dando a conhecer, por intermédio dos seus valores mais representativos, os resultados da sua actividade científica — resultados esses que tanto podem dar novos rumos à historiografia nacional que a nossa revista procura, sobretudo, impulsionar e servir”.