Torquato de Sousa Soares foi o grande dinamizador da RPH até à data da sua jubilação (1973). Entre 1965 e 1970 exerceu funções universitárias em Luanda. O seu regresso a Coimbra, coincide com um retorno da RPH à temática medieval nos tomos XII (1969), XIII (1971) e XIV (1974), com particular enfoque no campo da história das instituições, circunstância que se deve ao facto de se tratar de tomos de homenagem a Paulo Merêa, grande estudioso da história das instituições medievais. A projecção internacional deste historiador afere-se pela larga participação de historiadores nacionais, destacando-se os especialistas em história do direito (Ferrer Correia, Guilherme Braga da Cruz), e sobretudo estrangeiros, caso de Sánchez-Albornoz, Quintana Prieto, Diaz y Diaz, Charles Verlinden, Johannes-Michael Scholz ou Helmut Coing.
O tomo XV da RPH, publicado com data de 1975, constitui um volume de fronteira entre dois tempos. Saiu com três artigos dedicados à Idade Média e cinco referentes à Época Moderna, sendo um deles de António de Oliveira sobre temáticas de demografia histórica e outro de Luís Ferrand de Almeida sobre o problema da aclimatação de plantas do Oriente no Brasil; por sua vez, Maria Helena da Cruz Coelho recenseou o volume das Actas de las I Jornadas de Metodologia Aplicada de las Ciencias Historicas (Historia Medieval), realizadas em Santiago de Compostela. Marcavam presença três historiadores responsáveis pela abertura da RPH, agora sem constrangimentos ideológicos, aos vários campos da pesquisa historiográfica.
Circunscrevendo-nos a uma apreciação mais genérica da vida da RPH nos 40 anos, que decorrem entre 1976 e 2016, podemos afirmar que este periódico continuou fiel ao lema inscrito no ex-libris de António de Vasconcelos: Interroga et diligenter investiga: pôr problemas, e tentar encontrar a sua resposta em investigações conduzidas com solidez metodológica, configura-se como um dos principais propósitos de uma história credível, independentemente do campo ou do período cronológico em que se situe o seu objecto de análise. A RPH manteve-se, igualmente, fiel ao salutar princípio de publicar tomos de homenagem aos membros da sua redacção, por ocasião do seu falecimento – Sérgio Soares (XXXV) – ou jubilação – Torquato de Sousa Soares (XVI), Salvador Dias Arnaut (XXXI), Luís Ferrand de Almeida e António de Oliveira (XXXVI).