Num texto de 20 páginas, Torquato de Sousa Soares passou em revista, com o detalhe possível, toda a obra historiográfica de Marc Bloch, considerando ser a Revista Annales de histoire économique et sociale, dirigida em parceria com Lucien Febvre, expressiva “do sabor da sua actividade mental”. Particularmente interessado pelas questões de metodologia, Torquato de Sousa Soares prometia escrever “num dos próximos tomos da Revista Portuguesa de História”, um texto de apreciação crítica sobre a obra Apologie pour l’histoire ou Métier d’historien, publicada postumamente por Lucien Febvre, com base na selecção, por si efectuada, dos manuscritos redigidos pelo malogrado historiador nos tempos da sua prisão. Torquato Sousa Soares não cumpriu, ou não lhe foi possível cumprir, a promessa de publicar uma recensão crítica sobre a obra que haveria de ser traduzida para português, em 1965, com o título Introdução à História. Ficamos apenas a saber que a considerava um “trabalho tão rico de ideias e sugestões”.
A redacção do tomo IV da RPH (com dois volumes publicados respetivamente em 1949 e 1951) passou a integrar, para além dos fundadores, os Professores Guilherme Braga da Cruz, Miranda Barbosa e Sílvio Lima. Tratando-se de um volume dedicado a Gama Barros contou com uma colaboração muito diversificada de historiadores. Associaram-se à homenagem ao autor da História da Administração Pública em Portugal na Idade Média, destacados medievalistas estrangeiros (Sanchez Albornoz, Pierre David, Prieto Bances, Charles Verlinden, Luis Garcia Valdevellano, Yves Renouard, José Maria Lacarra, Joseph Piel, Luis Fernández Suárez, Robert Ricard, José Maria Font Rius, Albin Eduard Beau, José Vives, Antonio de La Torre, Léon Bourdon, Pierre Russel, Fray Justo Pérez de Urbel) e o modernista Harold Livermore. Quanto à colaboração portuguesa, destacam-se os extensos artigos de Marcelo Caetano sobre as cortes de 1385, de Mário Martins sobre peregrinações e livros de milagres medievais e de Miguel de Oliveira sobre paróquias portuguesas. A análise da obra de Gama Barros coube a Torquato de Sousa Soares, António Baião, Luís Afonso Ferreira e Queiroz Veloso. Por sua vez, a jovem historiadora Virgínia Rau apresentou os frutos da sua ousada (para o tempo) investigação no artigo “Os holandeses e a exportação do sal de Setúbal nos fins do século XVII”.