Ao nível gráfico acompanhando o gosto da época, com destaque para as ilustrações e litografias de relevantes artistas, ficava matizado na capa o brasão da cidade e três divisas: «Pelo Porto» (Club Fenianos), «Honra e Fama» (Club Girondinos) e «Recordar-se, consolar-se» (A. Herculano). O editorial preambular revelava os seus objetivos, âmbito e público-alvo numa diretriz que iria nortear os números vindouros: «evocação do passado, expositor do presente e um estímulo para as gerações vindouras», englobando os factos do passado e atuais dos acontecimentos históricos, do património material e imaterial da cidade, das aspirações, polémicas, cenas emotivas e dos tipos populares dos seus cidadãos naturais ou perfilhados, almejando-se a premissa de uma eventual coleção monográfica sobre o Porto. Não se olvidava também o desejo de que tais apontamentos importantes e fidedignos pudessem servir como material documental para o desenvolvimento de trabalhos historiográficos e até de monografias da cidade do Porto, fruindo do acesso privilegiado aos arquivos das vereações do Porto e de Vila Nova de Gaia.
Nesta linha os sumários apresentam um leque de escritos multifacetados: lendas e tradições, biografias das personalidades distintas, monumentos, imprensa, instituições, espetáculos teatrais e tauromáquicos, momentos marcantes da vida citadina, etc.; alguns elencados ao longo dos números em secções próprias como: “Portuenses d’hontem e d’hoje”, “Tipos populares do Porto”, “O Porto descrito por estrangeiros” ou “O que dizem de nós”. Porventura, a mais original destas terá sido a de “Correspondência entre leitores”, convidando os mesmos a colocar perguntas ou esclarecimentos sobre factos e vivências, oportunamente respondidas pelos colaboradores ou outros leitores. A adoção de tal programa universalista e indiferenciado de índole cultural e científica, conquanto votado fundamentalmente à essência histórica, visava alcançar um público indistinto de género e intelectos através de uma linguagem acessível e coloquial, sem floreados eruditos e com recurso à gravura como um complemento inteligível da leitura. De resto, definindo à partida esse público-alvo como o cidadão portuense ou seus admiradores num periódico «mais portuense do que todos os outros, desinteressadamente patriótico», a inflexão pelas notas e documentos das áreas circundantes como as de Gaia, Matosinhos ou Maia, extravasavam o mero plano portuense em favor de uma crescente abrangência regional e nacional.