Ao longo desses anos e com a comemoração do seu cinquentenário em 1958, a revista O Tripeiro continuou a publicitar artigos e documentos históricos de acervos públicos e particulares de maior credibilidade histórica do que nas séries precedentes, intercalado os estudos historiográficos sérios com notas de divulgação cultural e recreativa. Dependente quase em exclusivo das suas receitas de venda numa incumbência bairrista e patriótica desvirtuada de interesses políticos e profissionais, nem por isso deixou de compactuar com os propósitos da política ideológica e nacionalista do Estado Novo, valorizando a propaganda da História e da Etnografia na afirmação da identidade e valores portugueses. Secções como: “Figuras portuenses”, “Achegas arqueológicas e iconográficas”, “Da Arte e dos artistas”, “O que deseja saber acerca do Porto?” ou “Comunicações aos leitores” mantém-se na senda das suas anteriores; a par dos artigos de fundo reservados às primeiras páginas numa imensidão de temas e objetos de estudo com tónica comum portuense ou nortenha: questões e notas do património material, figuras literárias, personalidades categorizadas, instituições públicas e privadas, evolução topográfica e toponímica, eventos citadinos, imprensa, impressões de visitantes estrangeiros, etc. Se em alguns destes se procuram desconstruir velhos mitos historiográficos e propor novas hipóteses e teorias de análise a partir de documentos inéditos e bibliografia recente, algo ainda na ótica das tendências positivista e historicista centrada preferencialmente em episódios que iam dos tempos medievais aos oitocentistas, não se esquece o protagonismo dado às grandes comemorações municipais e nacionais promovidas pelo poder central.
Os contactos e prestígio da direção em exercício, liderada por Magalhães Basto e António Cruz, foram determinantes para estas orientações e a abertura da revista a novos intercâmbios científicos: o Centro de Estudos Humanísticos, anexo à U.Porto no qual ambos eram preletores, com académicos das quatro Universidades portuguesas e até permutas com a Universidade de S. Paulo. Entre o rol dos colaboradores mais ativos desta série encontram-se esses membros diretivos e nomes como: Horário Marçal, L. Nunes da Ponte, Flávio Gonçalves, J. A. Pinto Ferreira, M. Cruz Malpique, Hernâni Cidade, Jorge de Sena, Alfredo Ataíde, Mendes Corrêa, Maria Barjona de Freitas, etc. e uma pequena presença de autores estrangeiros: António Castilo de Lucas, Arnold Hawkins ou Lorenzo di Poppa.