No confronto de um programa tão vasto torna-se inexequível sintetizar, entre tantas linhas temáticas abordadas, as principais tendências e debates historiográficos ou problemáticas e conceitos históricos mais utilizados, tendencialmente associados a estudos de episódios e personalidades da cidade e da região norte em geral, facto que se manterá ao longo das seis séries analisadas no respeito dos seus sucessores por esta conceção primordial.
Em inteira continuidade com esta caracterização concorrem os outros 36 fascículos do ano II (1909-1910), na qual foram incluídas novas secções como: “Efemérides”, “Notas ao Tripeiro” ou “Escavações históricas portuenses”, acrescendo-se como novos colaboradores, alguns sob pseudónimos há muito omissos, como: Pedro A. Dias, Sampaio Bruno, Rocha Peixoto ou Adolfo Loureiro; nomes diretamente articulados com o forte dinamismo cultural e artístico da cidade do Porto na transição para o século XX, inclusive do próprio movimento republicano. O Tripeiro enquadrava-se perfeitamente neste contexto, com o seu diretor a partilhar a visão do conhecimento da História como fator de identidade e afirmação individual e coletiva, tão mais importante num momento de instabilidade política, aceitando pela heterogeneidade de cooperações uma mescla de correntes historiográficas entre a liberal, positivista ou historicista. Se é certo que o confronto desse involuntário diálogo historiográfico permitiu subjugar algumas dessas limitações metodológicas, também inovou ao possibilitar o cruzamento de visões e conceções da História enquanto ciência.
A transição para a 1.ª República verificou-se durante o ano III (1910-1913) e a defesa do novo regime mereceu destaque nas suas páginas, intervindo em discussões sobre os símbolos nacionais e o elogio às figuras e movimentos que o precederam, só que as vicissitudes na sua tiragem começaram a fazer-se sentir e a exigir mudanças em concordância com as transformações político-sociais. Da edição trimensal passou-se à mensal em 1912, momento a partir do qual a direção passa a ser partilhada com o irmão Guilherme Ferreira de Faria, terminando os acostumados 36 fascículos sem qualquer justificação passado um ano.