Este mesmo núcleo garantindo o registo legal de O Tripeiro com a constituição de empresa homónima foi responsável pelo lançamento da 4.ª série (1930-1931) do ainda então jornal mensal com 12 novos números e tiragem inferior a uma centena de exemplares, sob direção de Emanuel Ribeiro. No editorial inaugural subscrevem os mesmos princípios basilares de 1908 e a manutenção das principais secções de estudo e de notícias do mensário, prometendo uma maior amplitude no seu programa à cidade e sua área de influência, com uma maior orientação para os capítulos da História, Arqueologia, Urbanismo, Etnografia, Filologia e as Artes na sua globalidade. Daí a maior consistência das entradas nas secções como: “Arquivo nobiliárquico portuense”, “Museu Municipal do Porto”, “Iconografia histórica portuense” ou “Da música portuense”, entre outras, onde assinam esporadicamente: Luís de Pina, Julieta Ferrão, Delfim Santos, Armando Leça, etc. Todavia, o «arquivo das tradições mais gloriosas da mais laboriosa cidade portuguesa» cingiu-se a um singular ano de venda face à sua pouca rentabilidade financeira e receção moderada entre o público generalista em concorrência com outros títulos de maior pendor científico-historiográfico.
Um longo hiato mediou até novo restabelecimento de O Tripeiro em 1945, no rescaldo de um fértil contexto cultural e educacional na cidade do Porto, iniciado cerca de uma década antes, com o incremento de uma política municipal que teve como epicentro o Gabinete de História da Cidade e Magalhães Basto como chefe dos Serviços Culturais da vereação. Será a este que o industrial António Sardinha, após compra dos ativos da empresa O Tripeiro, dirige o convite para assumir a direção do periódico, naquele que se pode considerar o seu período áureo pela sua longevidade, pertinência e visibilidade, adaptando as suas especificidades ao mercado editorial num tom coloquial e de leitura aprazível pela metamorfose em O Tripeiro: revista mensal de divulgação e cultura, ao serviço da cidade e do seu progresso sob o adágio «Do Pôrto – Pelo Pôrto». Ao todo esta 5.ª série (1945-1960) compreende quinze anos com tiragem mensal de 12 números cada, sob um novo layout gráfico da capa e do corpo do texto numa linha mais vanguardista, profusamente ilustrado com diferentes tipos de imagem e organização de índices anuais em diferentes indicadores. O primeiro dos editoriais valida de forma perentória as diretrizes e o programa geral do fundador, afinal enquanto repositório de notícias portucalenses perdurava como publicação única em Portugal, como se uma herança espiritual moldada aos novos requisitos literários e iconográficos do público-leitor. As analogias com 1908 fundem-se igualmente nos princípios capitais de maior destaque para os estudos históricos, colaboradores de idoneidade científica reconhecida, o âmbito histórico-geográfico no Porto e a sua região ou a interligação entre passado, presente e futuro ao comungar que: «a História, memória dos povos, tem um valor prático; ela deve ser considerada, além do mais, como fonte de energias, como imperativo do futuro».