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Nasceu num lugar perto da vila da Sertã, no seio de uma família de baixos recursos económicos e culturais. O pai, José Agostinho Antunes, dedicava-se à agricultura como assalariado jornaleiro, e a mãe, Maria de Jesus, era doméstica, ambos analfabetos. Apesar disso, tanto o primogénito Manuel, como o segundo filho, José Antunes (1921-1997), tiveram estudos superiores por via da Companhia de Jesus. José abandonou o seminário e terminou Direito como trabalhador-estudante, destacando-se na vida local como político e educador, chegando a ser presidente de Câmara (1962-1974). A última filha, Maria do Céu Antunes (n. 1924), entrevistada sobre o percurso do irmão mais velho, assinalou como a sua inteligência e vontade de estudar colidiam com a realidade socioeconómica do agregado: depois do brilhante percurso na escola primária da Sertã, realizou o “melhor exame” da quarta classe, mas, ao saber os resultados, Manuel revelou-se “triste” porque “tinha sido o único a ir descalço”. Nestas circunstâncias, “no dia da primeira comunhão, o padre José Lérias” – um pároco local que entretanto havia ingressado na Companhia de Jesus – teria interpelado a criança perguntando-lhe “se gostava de ir para padre e de poder estudar”, ao que esta “respondeu logo que sim”. O orçamento familiar era de tal modo débil que não poderia custear o enxoval de entrada para o seminário, angariado graças à congregação de “umas irmãs de Maria que souberam da situação” (Biografia…, 2011, pp. 26-27, 157).
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